São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil 95

Serão realizadas este ano as maiores eleições da história do Brasil. A cinco meses do pleito, a contenda entre candidatos e partidos já começou e, em muitos casos, seu nível é baixíssimo. Procurando contribuir para que a disputa melhore um mínimo e se discutam também idéias, a Folha traz, a partir de hoje, uma série de cadernos especiais discutindo os principais itens da agenda nacional.
Para uma sociedade que sofre as consequências da longa crise que se arrasta há mais de uma década, não é aceitável que candidatos e agremiações transformem mais esta eleição em um rol de acusações pessoais e promessas demagógicas de pouco ou nenhum fundamento.
Do embate de idéias e programas é que podem surgir as melhores diretrizes de governo. A maior clareza das metas e dos meios que os diferentes partidos políticos pretendem utilizar para atingi-las sem dúvida auxiliará o eleitor nas decisões que terá de tomar até o dia 3 de outubro e, provavelmente, também no segundo turno de 15 de novembro.
O primeiro caderno da série Brasil 95, publicado hoje, apresenta as propostas a respeito do crescimento, traça um panorama do desempenho econômico dos últimos cem anos e situa a discussão presente.
Número um na escala de prioridades de quase todos os partidos, bandeira unânime a todos os governos, o crescimento econômico teve distintos significados ao longo da história. Identificado por vezes com o progresso mesmo da civilização, o crescimento serviu de fato para representar o progresso das atividades econômicas predominantes em diferentes épocas.
A exportação de café e a produção agrícola durante a Primeira República, os esforços iniciais de substituição de importações durante a Primeira Guerra e a Grande Depressão dos anos 30, o desenvolvimentismo de Juscelino, o milagre econômico e a crise iniciada no regime militar –todos foram expressos em termos de crescimento.
Para além das múltiplas características e fases históricas que esta mesma palavra expressou no passado, ela hoje recebe muitos e variados qualificativos. "Socialmente justo", "modernizador", "com abertura à concorrência internacional", "priorizando o mercado interno" são algumas das expressões que servem para começar a definir melhor o que cada um entende por política de crescimento.
Como se pode ler no caderno especial da Folha, as propostas das maiores forças políticas do país sobre esse assunto ainda estão, de modo geral, aquém do necessário para definir com clareza as diretrizes que cada uma delas imprimirá ao futuro governo, caso vença as eleições. O material reunido permite ao eleitor conhecer em primeira mão um debate que deverá acirrar-se nos próximos meses.
O desemprego, a inflação, a pobreza e tantas outras mazelas que afligem a sociedade estão intrinsecamente relacionados à crise por que passa o modelo de desenvolvimento adotado no Brasil. Após três décadas de rápido crescimento, o país viu sua indústria decair entre 80 e 92. Mais, a renda "per capita" praticamente estagnou no período.
A economia moderna é cada vez mais complexa e será necessário enfrentar consistentemente os novos desafios. E a seriedade da campanha e a solidez e clareza do programa apresentado devem ser pré-requisitos para todos os que almejam dirigir os destinos do país.

Texto Anterior: Resgate cívico
Próximo Texto: O drama do PSDB
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.