São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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O drama do PSDB

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – Está identificado o principal adversário do PSDB na eleição presidencial. O próprio PSDB.
O partido tinha duas alternativas igualmente eficazes sob o ponto de vista eleitoral: ou fechava imediatamente o acordo com o PFL, aceitava o vice indicado (Luís Eduardo Magalhães) e ia à luta ou simplesmente descartava a aliança para o primeiro turno.
Todos acompanharam o drama que foi. O partido queria a aliança por causa dos votos, mas temia a pecha de fisiológico. Queria o filho de Antônio Carlos Magalhães como vice, mas temia a identificação excessiva com o PFL.
Conclusão: tantas o PSDB fez que acabou desgastado politicamente e com a aliança eleitoral fragilizada.
O deputado Luís Eduardo Magalhães viveu semanas de pelourinho por ter seu nome exposto e contestado publicamente. E agora revidou. Forçou o convite formal e o recusou. Deixou o PSDB exposto a vexame também público.
Do ponto de vista político, qualquer decisão sobre a aliança terá peso eleitoral positivo, desde que seja claramente assumida. Sim ou não? Mais ou menos.
A situação toda é um pouco incompreensível até este momento e remete sempre à análise psicológica do partido.
Se a aliança era tão importante a ponto de a direção do partido sacrificar um dos diretórios mais importantes, o da Bahia, por que não fazê-la logo?
Se o nome mais eficaz para a aliança era o do filho de ACM, e isto foi dito n vezes pelo candidato Fernando Henrique Cardoso, por que não convidá-lo logo? Não está clara a lógica política.
Não estou entrando no mérito da aliança, nem discutindo se o PSDB deveria fazê-la ou não. Mas tentando entender o comportamento do partido a partir do pressuposto público de que queria a aliança. De que a considera indispensável para a vitória eleitoral em outubro.
Tal como o caso foi tratado, reforça-se um traço do caráter do partido que marca a sua imagem pública: o da indecisão.

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