São Paulo, domingo, 1 de maio de 1994
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"Lamarca" tropeça no discurso

JOSÉ GERALDO COUTO

\<FT:"MS Sans Serif",SN\>O capitão Carlos Lamarca: mito da esquerda interpretado por Paulo Betti
Crédito Foto: Divulgação
Vinheta/Chapéu: \<FD:"VINHETA-CHAPÉU"\>CINEMA\</FD:"VINHETA-CHAPÉU"\>
"Lamarca" tropeça no discurso
"Lamarca" é o tipo do filme que prende a atenção do espectador menos por seus próprios méritos que pela força de seu tema. Afinal, seria uma proeza tornar desinteressante a vida de Carlos Lamarca (1937-1971).
Uma das figuras mais trágicas da história política brasileira, o capitão Lamarca (Paulo Betti, no filme) desertou do Exército em janeiro de 1969 e bandeou para a guerrilha de esquerda com a perua Kombi carregada de fuzis e metralhadoras.
Esse corte radical em sua vida – que o levaria a mandar mulher e filhos para Cuba – é um dos momentos subaproveitados, do ponto de vista dramático, no filme de Sérgio Rezende. Outros dois são o suicídio de sua amante Iara Iavelberg (Carla Camurati) e sua própria morte pelo Exército, no sertão da Bahia.
Com produção bem-cuidada e sem problemas técnicos visíveis, "Lamarca" sucumbe entretanto ao peso do didatismo de esquerda. O que poderia ser um eletrizante filme de ação tropeça nos discursos e poses dos personagens, que parecem saídos de uma peça de teatro estudantil.
Só Ernani Moraes (como o delegado Flores) e Elïezer de Almeida (como o guerrilheiro Zequinha) parecem gente de carne e osso.
Lamarca, Brasil, 1994. Direção de Sérgio Rezende. Estréia programada para sexta, 6, no Espaço Banco Nacional de Cinema. Sala e horários a confirmar.

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