São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Cobra culpa estado da pista

ALINE SORDILIE; MÁRIO MAGALHÃES
DA REDAÇÃO E DA SUCURSAL DO RIO

Muito emocionado e chorando, Nuno Cobra Ribeiro, 55, treinador físico de Ayrton Senna, atribui a morte do piloto às más condições da pista.
"Ayrton não queria correr. A pista não tinha caixa de brita e a batida foi em um paredão de concreto sem proteção de pneus", disse Nuno Cobra.
Para ele, o risco na Fórmula 1 aumentou quando a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) decidiu pela retirada da suspensão eletrônica e pelo estreitamento dos pneus.
Para Nuno Cobra, a FIA não pensa na segurança do piloto. E desabafou: "O homem, mais uma vez, fica como meio da avareza e da ganância. Fico revoltado com isso".
Ele treinava Senna há dez anos e três meses. Na sua opinião, Senna estava no seu melhor momento profissional. "A morte dele é uma perda irrecuperável para o Brasil".
Nuno Cobra soube do acidente pela televisão, enquanto assistia a corrida. "Não acreditei. É muito difícil para eu aceitar tudo isso. Estivemos juntos por muito tempo", afirmou.
Ele acredita que Senna era um ídolo para a juventude. "Ele era um exemplo de coragem, dedicação, trabalho e aplicação".
Parreira
Ayrton Senna havia prometido ao técnico Carlos Alberto Parreira, na semana retrasada, ir à Copa do Mundo torcer para o Brasil.
O encontro dos dois foi em Paris, onde a seleção jogou dia 20. Senna esteve no estádio Parc des Princes para assistir à partida. Deu o pontapé inicial.
"Conheci-o fugazmente, mas fiquei impressionado com seu carisma", disse o técnico. "Fico sem acreditar. Ele era um ídolo. Jovem, morreu de maneira estúpida.
O piloto afirmou em entrevista em Paris que aproveitaria a viagem para o GP do Canadá para ver algumas partidas do Mundial de futebol nos Estados Unidos.
(Aline Sordili e Mário Magalhães)

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