São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Barrichello lamenta perda do ídolo

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

O piloto Rubens Barrichello ficou muito emocionado com a morte de Ayrton Senna, a quem chamou de "o maior piloto de todos os tempos".
A Folha ligou para a casa de Barrichello em Cambridge, pouco depois de anunciada a morte de Senna. Um assessor disse que ele não tinha condições de falar.
Mais tarde, a Folha conversou com Barrichello através do telefone celular do piloto, que estava a caminho do aeroporto para vir a São Paulo, onde deveria chegar esta manhã.

Folha - Você acha que a segurança dos pilotos vai ter que ser revista depois deste fim-de-semana trágico?
Rubens Barrichello - Com certeza. O maior piloto de todos os tempos morto tragicamente, com certeza tudo vai ter que ser revisto.
Folha - Você agora passa a ser o brasileiro melhor posicionado no campeonato. Como que você sente esta responsabilidade?
Barrichello - Eu me sinto muito contente em poder estar em segundo no campeonato, lutando pelas três primeiras colocações, mas eu acho que é só o começo.
Folha - O que o Senna significava para você?
Barrichello - Ultimamente nós tínhamos nos aproximado mais. O Senna para mim era um ídolo e um amigo.
São as duas coisas mais significativas para mim. Uma pessoa que rompeu todas as barreiras.
Folha - E você, quando volta a correr?
Barrichello - Se Deus quiser em Mônaco. Eu estou voltando para o Brasil, vou ver o médico e se eu puder tirar o gesso, em Mônaco eu estarei de volta.
Folha - Esses acidentes neste fim-de-semana afetam um pouco a sua vontade de correr?
Barrichello - De certa forma nós temos de pensar que o Senna sempre gostou de viver correndo.
No Japão, fiquei sabendo por muitas pessoas que ele torcia demais (por mim), que ele gritava "vai menino" e isso para mim é uma alegria muito grande.
Então eu tenho certeza que ele vai ficar contente comigo correndo e não parado.
Folha - Na hora do acidente do Senna o que você sentiu?
Barrichello - Olha, eu tinha certeza que ele estaria como eu depois do meu acidente, que ele estaria alguns minutos desacordado.
Eu fiquei quase 15 minutos desacordado, então não fiquei muito preocupado. Mais depois que levantaram ele e eu vi o sangue, eu fiquei preocupado.
Folha - Você tem algum tipo de ritual para entrar na pista?
Barrichello - Eu rezo pedindo a Deus que me proteja e que me dê saúde, só isso. O resto sou eu quem tem que fazer.

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