São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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`É fatal', previu pentacampeão Fangio

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

"Isto é fatal." Assim reagiu, petrificado, o pentacampeão mundial de Fórmula 1, o argentino Juan Manuel Fangio, ao ver pela TV o acidente que matou Senna.
Sem saber da morte do piloto brasileiro, Fangio, que assistia à prova em sua casa em Buenos Aires (capital argentina), se recolheu e não quis receber mais notícias sobre Senna.
"Meu tio gostava de Senna como um filho. Quando ele viu o acidente, começou a passar mal. Por isso, preferimos não lhe dar a notícia. Queremos evitar um desgosto maior para ele", disse Pipina, uma das sobrinha do ex-piloto argentino.
Fangio, 82, único pentacampeão mundial de Fórmula 1, está com sua saúde muito abalada e o médico advertiu os familiares para que evitassem desgostos.
O argentino sofre de problemas cardíacos. Há alguns meses, esteve hospitalizado, mas se recuperou. Desde então, Fangio está sob acompanhamento médico.
Fangio nunca tinha falado em um herdeiro, até a chegada de Senna à Fórmula 1. Tornou-se então admirador e fã do piloto brasileiro.
Essa admiração era mútua. O maior sonho de Senna era se tornar pentacampeão mundial e receber o troféu das mãos de Fangio.
Mesmo com problemas de saúde, Fangio veio assistir o Grande Prêmio do Brasil de 93 e visitou Senna no box da McLaren.
Os dois se encontraram pela última vez em Buenos Aires, no final do ano passado.
Naquela ocasião, Senna fez o pedido para que Fangio lhe entregasse o troféu pelo quinto título mundial.
Durante sua carreira, o argentino sofreu apenas um acidente grave, em 1952. O desastre o deixou fora das pistas por um ano.
Na época, Fangio já tinha um título mundial, o de 1951. Voltando às pistas, conquistou os Mundiais de 54, 55, 56 e 57.
Em 58 abandonou as pistas, aos 47 anos, ao sentir que já não tinha a mesma vontade de correr. Tornou-se diretor da Mercedes-Benz na Argentina.
Seu recorde de cinco títulos mundiais parece inatingível. Com o fim da carreira do francês Alain Prost, tetracampeão mundial, e a morte de Senna, não há candidatos à quebra da marca.

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