São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994 |
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Esse papo de "gangsta rap" não só é burro como infantil
ANDRÉ FORASTIERI
Esse papo de "gangsta rap"não só é burro. Está mais para infantil, e, em alguns casos, chega ao repugnante. Posar de durão, ser durão, tudo bem –rock é isso mesmo. Agora, esse Pivete, que era do Pavilhão 9, está exagerando. Numa entrevista recente, o cara fala com o maior orgulho que matou um dono de videolocadora durante um assalto. Como era menor, puxou uma cana rápida e está de novo na rua. O que tem de ficar muito claro é o seguinte: matar gente inocente não é bacana nem sinal de macheza. E se Pivete se regenerou, porque usa o assassinato que cometeu como instrumento de marketing? Isso é a baixaria suprema. Mas ao mesmo tempo que tem essas coisas, também tem coisas legais acontecendo. Como sempre, o que interessa são as diferenças. Rap já está marcado como terreno fértil para "crossovers" –casamentos, ou às vezes trombadas– com outros gêneros. Agora o Brasil começa a miscigenar sua própria tradição oral e riqueza rítmica com as do rap americano. Nesse dia primeiro de maio o Brasil teve contato com um dos grupos mais interessantes dessa cena. Foi quando estreou na TV a campanha de lançamento do Gameboy, da Nintendo/Playtronic, estrelado pelo grupo Professor Antena. A banda fez também a trilha, um crossover na praia das coisas de "Judgement Night". É, é rap mas tem banda junto, e boa. A cara conhecida atrás do microfone é a do jornalista e ex-VJ da MTV Rodrigo Leão. A primeira faixa leva o nome da banda e já está colando em rádios grandes. Uma faixa mais pesada vai para as rádios rock. E o disco vai para as lojas daqui a umas duas semanas. Por essas e outras, é especialmente absurdo que a versão brasileira do "Yo! MTV Raps" tenha estacionado de novo. Enquanto isso, no novo "Fanzine", a abertura para o rap brasileiro é para lá de total. As gravações estão rolando, o programa estréia na próxima segunda e promete. Às vezes, a "fonte" é mais embaixo... E só para desarmar de prima as acusações habituais de racismo, já vou avisando que o melhor disco de rap que ouvi no último ano é negro até no nome. É a estréia de Câmbio Negro, de Brasília. Saia já e compre o seu. Texto Anterior: EVAN DANDO & JULIANA HATFIELD Próximo Texto: Coca-Cola lança nova bebida para os teens Índice |
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