São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994 |
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Comoção
NELSON DE SÁ
Ao contrário das publicações da Europa –que foram citadas nos jornais Nacional e Bandeirantes– e da própria CNN, todas desde já buscando responsáveis para a morte, a televisão brasileira, como os brasileiros todos, ainda não conseguiu vencer a comoção de domingo. Por todo lado, como disse Carlos Nascimento, foi "um dos dias mais tristes". Ou então, como disse Boris Casoy, "nunca a morte de alguém entristeceu tanto os brasileiros". Como aconteceu no Fantástico, anteontem, alguns telejornais ainda tentaram tratar de outros temas, mas acabaram se concentrando afinal no único assunto que importava. O acordo PSDB-PFL foi um nada, uma ilusão, diante da imensidão da tragédia. Em horas assim, os interesses desaparecem. No Jornal Nacional, a preocupação com o escândalo do bicho, sempre a maior, ficou pequena, quase desapareceu. Não era realmente possível fazer campanha política diante de uma dor nacional. E não há, em momentos assim, quem consiga refletir melhor o sentimento nacional do que o mesmo Jornal Nacional. Crianças chorando, numa escola, deixaram uma carta com a frase: "Lá no céu ele será tão alegre como aqui." A mãe de Christian Fittipaldi emocionada, dizendo que preferia o filho fora das pistas. Na Itália, um dia com as fãs chorando, levando flores para a pista. Depois o caixão em que o corpo será transportado para São Paulo, amanhã. Também o portão da sede da Williams estava carregado de flores, até mesmo com um poema, mais a mensagem de "saudades". Foi o que disse Cid Moreira, que quando começou a falar venceu o que restava de barreira emocional. A grande voz da televisão brasileira em quase 30 anos, para o bem e para o mal, não chorou. Mas, outra vez, emocionou. Na manchete completa, de Cid Moreira: "O Brasil chora a morte de Senna." Texto Anterior: Líderes pró-revisão tentam hoje reiniciar as votações após 41 dias Próximo Texto: Relator de CPI pede à Procuradoria inquérito sobre gestão Erundina Índice |
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