São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Relator acata reinvindicações de ruralistas

REGINA ALVAREZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator da MP (medida provisória) que cria a URV (Unidade Real de Valor), deputado Neuto de Conto (PMDB-SC), está disposto a incluir reivindicações da bancada ruralista no projeto de conversão da MP.
Ele quer incluir no projeto de conversão dispositivo que garanta a correção das dívidas dos agricultores pela URV, no lugar da TR, que é o atual indexador.
O parlamentar tentará convencer o governo de que a mudança é necessária para evitar o descasamento que ocorre hoje entre a correção dos preços mínimos e dos financiamentos rurais.
Na semana passada o governo não conseguiu levar à votação a MP que criou a URV por divergências com a bancada ruralista. Os deputados, que querem anistiar dívidas contraídas em empréstimos bancários, discutemsuas reivindicações sexta-feira com o presidente Itamar Franco.
Projeto de conversão é o instrumento que o Congresso usa ao fazer alterações nas medidas provisórias editadas pelo Executivo.
O governo não conseguiu até agora aprovar no Congresso a medida provisória que criou a URV, tendo de reeditá-la pela segunda vez no dia 29 de abril.
O deputado Neuto de Conto –mantido como relator da nova MP– disse à Folha que vai incluir no projeto de conversão as alterações da proposta anterior, já que todos esses pontos já haviam sido negociados com a área econômica e as lideranças parlamentares.
Mesmo com todas essas modificações, o relator avalia que o projeto não contempla o setor rural. Por isso, está disposto a ceder a uma das principais reivindicações da bancada ruralista, que ameaça votar contra a MP.
Conto tentará também incluir no projeto dispositivo que garanta a negociação dos contratos de exportação de produtos agrícolas em moeda estrangeira, outra reivindicação do setor rural.
O relator espera votar no início da próxima semana o projeto de conversão na comissão criada para analisar a medida provisória da URV.
Ele acredita que, quanto mais o tempo passa, mais aumentam as dificuldades do governo para aprovar a matéria, por causa da vinculação do plano econômico a um dos candidatos à Presidência da República.
O deputado acha que o governo deveria ter tentado aprovar a medida provisória na semana passada, enfrentando seus opositores no plenário. O líder governista Luiz Carlos Santos (PMDB-SP) não quis arriscar e propôs o adiamento da votação.

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