São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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PSDB veta Bornhausen para ser o vice de FHC

TALES FARIA; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

PSDB, PFL e PTB formalizaram a aliança para a eleição presidencial, mas a indefinição em torno do vice permanece.
O virtual candidato Fernando Henrique Cardoso sofre pressões do PSDB para não convidar para a vaga o presidente do PFL, Jorge Bornhausen.
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, o vice do partido, Pimenta da Veiga, e o secretário-geral tucano, Sérgio Motta, consideram que, se Bornhausen for o vice, haverá duas complicações.
Em primeiro lugar, seu nome é ligado à região Sul, quando o PSDB precisa de um nome forte do Nordeste, onde FHC tem menor penetração no eleitorado.
Em segundo lugar, a cúpula tucana também teme prejuízos eleitorais pelo fato de Bornhausen ter sido ministro-chefe da Secretaria de Governo do ex-presidente Fernando Collor.
Para eles, o melhor nome do PFL é o do deputado Gustavo Krause (PE). O problema é que o parlamentar é candidato ao governo de Pernambuco.
"É muito complicado aceitar um convite desses. Desmancha tudo em Pernambuco", disse Krause sobre a hipótese de ser o vice.
FHC disse ontem que não vai decidir o nome do vice sem antes conversar com o líder do PFL na Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães (BA).
Luís Eduardo foi encarregado por FHC de articular o novo nome, depois que ele mesmo recusou o convite. Os dois marcaram uma reunião para ontem à noite.
Para o virtual candidato, a questão regional é "importante e será levada em conta", mas frisou que foi ele, e não só o PFL, quem levantou o nome de Bornhausen.
O problema agora é que, apesar de oficialmente os pefelistas terem entregue a FHC a escolha do nome, a cúpula do partido se unificou em torno de três nomes: Bornhausen, o senador Guilherme Palmeira (AL) e o líder do partido no Senado, Marco Maciel (PE).
Explicações
As principais lideranças do PSDB, PFL e PTB se reuniram ontem na Câmara dos Deputados para a formalização da aliança. Cerca de 200 políticos estavam presentes. Bornahausen entregou a FHC o programa de governo preparado pelo PFL.
Todos os discursos tiveram como tema principal a explicação sobre a coligação. "O PSDB, apesar do estigma de estar sempre em cima do muro, conseguiu ousar", disse Jereissati.
Para ele, a aliança com o PFL e PTB é natural porque os dois partidos se aliaram aos tucanos na construção do plano econômico.
Bornhausen afirmou que, "desde o ano passado, o PFL procurava uma solução à altura das necessidades brasileiras". Segundo FHC, "o desafio de mudanças no Brasil requer esta aliança".
O virtual candidato criticou os que não aceitam a coligação. "Não aceito lições de arrogância daqueles que imaginam que só eles sabem o que é respeito e comportamento ético".
Segundo FHC, o PT está se aliando ao PC do B, "partido que apoiou o massacre da Praça da Paz Celestial na China em 1989."

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