São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Cinemateca comemora centenário de Renoir

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DE CINEMA

Ciclo: Centenário de Jean Renoir
Quando: de hoje até o dia 8
Onde: Sala Cinemateca (r. Fradique Coutinho, 361, tel. 011/881-6542, Pinheiros, zona oeste)
Hoje: "Nana" (1926), às 17h; "A Grande Ilusão", às 19h.

Jean Renoir (1894-1979) merecia um pouco mais. É verdade que o ciclo programado para a Sala Cinemateca, de hoje até o dia 8, traz 15 filmes significativos do diretor francês.
Mas também é verdade que eles vêm espremidos em cinco dias, como se Renoir fosse apenas o filho de Pierre-Auguste Renoir, o célebre pintor impressionista.
Não é só isso. Jean Renoir é o maior diretor francês da era clássica e, talvez, um dos maiores de todos os tempos.
É, mais do que tudo, o cineasta da felicidade, do viver como uma arte. Seus filmes podem variar do trágico de "A Cadela" (1931, amanhã, 19h15) ao humor de "Boudu Salvo das Águas" (1932, quinta, 19h15).
Pode ser um prefácio formidável do neo-realismo ("Toni", 1934, sábado, às 17h15) pela busca despojada de personagens e locais, como desembocar em suas obras-primas, como "A Grande Ilusão" (1937, hoje, às 19h, e sexta, às 21h30) e "A Regra do Jogo" (1939, quinta, 21h).
Ele podia também ser o cineasta engajado politicamente de "A Marselhesa" (1937, domingo, às 21h15), da mesma maneira como podia dedicar-se ao ensaio impressionista ("Uma Festa no Campo", 1936, quinta, às 21h, junto com "A Regra do Jogo").
O tamanho de seu universo é, em suma, muito grande para caber em apenas uma semana (ou pouco menos que isso). Mesmo que o ciclo não tenha filmes de sua fase americana (muito contestados por inúmeros críticos), mesmo que alguns desses filmes sejam exibidos pela Sala Cinemateca de tempos em tempos, é inegável que Renoir merecia muito mais.
Mesmo seus filmes dos anos 50, como "As Estranhas Coisas de Paris" (1956, quinta, às 17h30), frequentemente contestados, trazem lições preciosas para quem ama o cinema.
As limitações deste ciclo vêm de uma espécie de timidez da Cinemateca. Ele faz o favor de exibir, ainda, "A Pequena Vendedora de Fósforos" (1928), "O Crime do Senhor Lange" (1935), "French Cancan" (1954), "O Cabo Prisioneiro" (1962).

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