São Paulo, quarta-feira, 4 de maio de 1994
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`É duro dizer, mas sua face não era humana'

RICARDO SETYON; MICAELA TRIGO
DE BOLONHA, ESPECIAL PARA A FOLHA

O frade Amedeo Zuffa, 82, da Ordem dos Capuccinos, estava no 12º andar do hospital Maggiore, em Bolonha, onde mora, quando percebeu o que estava acontecendo.
Amedeo somente sabia que era um piloto muito famoso e querido, que havia conhecido na sexta-feira, quando Rubens Barrichello foi internado, após seus acidentes nos treinos.
E foi aí também que percebeu o quanto que esse piloto famoso e querido, de nome Ayrton Senna, era importante para seu país.
O frade Amedeu desceu imediatamente para saber maiores detalhes do acidente.
"Quando desci, desconhecia a consequência desse acidente. Logo que soube o que havia acontecido, tentei localizar algum parente de Senna, para poder fazer a extrema-unção. Foi quando me apresentaram o irmão de Senna, Leonardo. Ele me pediu para entrar e fazer a extrema-unção, porque Senna era um grande católico."
O frade Amedeo ficou chocado com a imagem de Senna, segundo ele "um rapaz de rosto simpático e tranquilo".
"Há muito tempo que não via uma pessoa ter seu rosto tão modificado. É duro dizer, mas a sua face não era de um ser humano. De qualquer modo o que eu tinha à minha frente era um ser bom, segundo muitas pessoas, um grande crente em Deus. Depois de me recuperar do choque, absolvi-o dos pecados e fiz a reza do S. Giacommo, em nome de todos nós, para que tenha a inteira paz nos céus", completou.
Depois de ter estado em 1990 no Brasil, onde tem parentes, e ter visto a tristeza não só a nível brasileiro, como mundial, frade Amedeu realmente entendeu o que Senna significava para o Brasil.
(RSt e MTg)

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