São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994
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Parte do PFL ameaça abandonar FHC

TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A escolha do senador Guilherme Palmeira (PFL-AL) para vice de Fernando Henrique Cardoso rachou a bancada do PFL na Câmara. Uma parte do partido ameaça apoiar o senador José Sarney, pré-candidato do PMDB.
A rebelião na bancada do PFL foi provocada pelos vetos das cúpulas do PSDB e PFL aos nomes indicados para vice.
O líder do PFL na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA), foi surpreendido ontem por reclamações de deputados de todos os Estados. Até da Bahia, cuja bancada é controlada por seu pai, o ex-governador Antônio Carlos Magalhães.
O deputado José Múcio (PE), ex-presidente do PFL, chegou a propor em reunião no gabinete de Luís Eduardo que Palmeira desistisse de sua candidatura. O PFL não ocuparia mais a vaga de vice da coligação.
"Os tucanos desrespeitaram o partido quando vetaram o líder na Câmara (Luís Eduardo), o líder no Senado (Marco Maciel) e até o nosso presidente (Jorge Bornhausen)", disse Múcio ao líder.
Presente na sala, o vice-líder Messias Góis (SE) afirmou: "Com esses vetos, estamos liberados para nos afastar da campanha."
Já o ex-presidente da CPI do Orçamento, Roberto Magalhães (PE), cobrou de Luís Eduardo o fato de seu nome, que contava com o apoio da cúpula tucana, ter sido vetado pela cúpula do PFL.
"Se o meu partido não confia em mim, não tenho mais motivo para permanecer no PFL", ameaçou. O líder negou que tenha havido vetos do PFL. Mas confirmou aos presentes os vetos do PSDB.
Já no plenário, Messias Góis anunciava: "Caso Sarney vença as prévias no PMDB, eu faço campanha para ele. Com os tucanos assim, tenho certeza de que não vou sozinho."
O filho do ex-presidente, deputado Sarney Filho (PFL-MA), cruzava os dedos. "Só não me meto nessa briga porque, se meu pai vencer as prévias, eu não vou apoiar mesmo a coligação. E, do jeito que está, a gente leva o apoio de metade da bancada", disse.
Nas contas dos sarneyzistas, eles incluem até mesmo Luís Eduardo e seu pai, ACM, que foi ministro das Comunicações do ex-presidente. Mas ontem o líder ainda tentava debelar a crise. "Realmente há alguma insatisfação na bancada, mas estamos trabalhando para resolvê-la", afirmou.
Em seu auxílio, o presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), marcou para a próxima quarta-feira um jantar reunindo as bancadas do PFL e do PSDB com Palmeira e o virtual candidato da aliança, Fernando Henrique.
Palmeira admite que houve "problemas causados pela necessidade de se apressar a escolha do vice", mas não admite mais a hipótese de desistir: "Eu não pleiteei e todos sabem, mas a situação agora é irreversível."

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