São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hospital de SP não usa material de US$ 600 mil

LUÍS EDUARDO LEAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Hospital de SP não usa material deUS$ 600 mil
Dois equipamentos médicos, avaliados em US$ 600 mil, estão há dois anos guardados nas embalagens no Hospital Municipal do Campo Limpo, bairro de baixa renda na zona sul de São Paulo.
A manutenção dos equipamentos nas caixas relaciona-se à interrupção da reforma de uma sala de radiologia do Campo Limpo, em agosto do ano passado.
Os equipamentos –tomógrafo e mamógrafo– chegaram ao hospital em 1992, último ano da administração Luiza Erundina (PT).
O tomógrafo é um importante meio de diagnóstico de traumatismos e lesões internas, especialmente os cranio-encefálicos. O mamógrafo é empregado no diagnóstico do câncer de mama.
A reforma da sala onde os aparelhos seriam instalados foi iniciada em dezembro de 1992 e suspensa em agosto do ano passado.
Vicente Greco, chefe de gabinete do secretário municipal de Saúde, Silvano Raia, disse que as obras foram interrompidas devido a constatação de "falhas" no contrato com a Constecca, empresa responsável pela reforma.
Segundo Greco, a imprecisão contratual deixava dúvidas sobre as datas-base para reajustes dos pagamentos, se a partir de janeiro ou setembro de 1992.
Greco disse que a secretaria está fazendo um levantamento dos gastos já feitos na obra e do que ainda precisa ser feito para concluí-la.
A partir dessas conclusões, a prefeitura poderá abrir novo processo de licitação ou designar, em caráter de emergência, nova empresa para continuar a reforma.
Além da sala de radiologia, também foi suspensa, em outubro passado, a construção de um anexo do hospital, de três andares.
O anexo está sendo construído para abrigar almoxarifado, estacionamento e uma caixa d'água.
A construção de uma nova caixa d'água, com maior capacidade, tem especial importância, devido à vulnerabilidade a que o hospital está sujeito durante eventuais cortes de fornecimento da Sabesp.
A caixa d'água em operação tem capacidade para suportar 12 horas de quebra de fornecimento. A que foi projetada para substituí-la terá autonomia para três dias.
Segundo a Edif (Departamento de Edificações), da Secretaria Municipal de Serviços e Obras, as obras do anexo foram suspensas por "inadimplência" da Constecca.
A direção da Constecca refuta as versões da prefeitura sobre a interrupção das duas obras que vinham sendo feitas no Campo Limpo.
Segundo a empresa, a prefeitura deixou de pagar pela continuação das obras que foram, então, interrompidas.
Um funcionário da empresa, que preferiu não se identificar, chegou a dizer que a prefeitura está diminuindo o ritmo das obras em hospitais por não ter "médicos e funcionários para operá-los".

Texto Anterior: Sargento é morto em casa com tiro no rosto
Próximo Texto: Associação de médicos quer gerir o hospital
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.