São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tropeços preocupam empresários

ANTONIO CARLOS SEIDL
EMANUEL NERI

ANTONIO CARLOS SEIDL ; EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os seguidos tropeços da candidatura de Fernando Henrique Cardoso e seu recuo nas pesquisas eleitorais geraram um princípio de pânico no empresariado.
FHC era a alternativa confiável dos empresários para derrotar o petista Lula. A última pesquisa do Datafolha aumentou o pânico.
Mario Bernardini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, diz que os empresários estão "desolados" porque pensavam que FHC era a "solução final".
Bernardini vê um clima de desânimo entre os empresários com a candidatura FHC. "Prometia crescer, mas está andando para trás e isso cria desilusão", afirma.
Para Bernardini, a campanha FHC depende "primordialmente" do sucesso do plano econômico, porque FHC se envergonha da aliança "pragmática" com o PFL.
Bernardini diz que o risco dessa espera pelo sucesso do plano econômico é que pode sinalizar que há uma "possibilidade real" de Lula vencer ainda no primeiro turno.
"A verdade é que FHC não tem fatos para dar vida à campanha e está na moita esperando que o plano lhe sirva de cavalo para montar e sair atrás dos votos", diz.
Roberto Teixeira da Costa, presidente da Brasilpar, qualifica de "infeliz" a escolha de Guilherme Palmeira (PFL-AL) para vice.
"A escolha de um político sem currículo, em um país onde o vice chegou à Presidência nos dois últimos mandatos, é uma prova de insensibilidade", diz.
Luis Eulalio de Bueno Vidigal Filho, ex-presidente da Fiesp, diz que a aliança com o PFL pode estar por trás da queda de FHC.
Mas afirma que isso é "natural porque sempre há descontentes que não entendem que em política é preciso fazer acordos".
Na semana passada, a direção da Associação Comercial de São Paulo se reuniu pra fazer uma análise de conjuntura e acendeu o sinal amarelo em relação a FHC.
Os empresários se queixaram da fragilidade eleitoral do tucano. Um deles chegou a dizer que Quércia era mais "viril eleitoralmente".
Mas Lincoln da Cunha Pereira, presidente da Associação Comercial, diz que ainda "é cedo para prognósticos" sobre o futuro da campanha de FHC.
O presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria, Joseph Couri, aponta vários problemas da campanha tucana. "O cenário da absolvição do deputado Ricardo Fiuza dificultou muito o quadro".
Couri também vê problemas na indefinição do plano de governo e da inexistência do surgimento de fatos positivos gerados por FHC na mídia. "Há um vácuo de poder na candidatura", declarou.
Henrique Campos Meirelles, vice-presidente da Câmara Americana de Comércio, diz que a pesquisa é um sinal "forte" para Lula.
"Mas ainda não significa que FHC perdeu a eleição, porque ele ainda não começou sua campanha para valer", afirma Meirelles.

Texto Anterior: Waldir não vai disputar convenção do PSDB
Próximo Texto: Senador não analisa pesquisa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.