São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
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0,5% perdeu significado de juro real

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O "juro" de 0,5% ao mês, pago às cadernetas de poupança, perdeu o significado de taxa real (acima da inflação) em fevereiro de 91, quando foi criada a TR (Taxa Referencial).
Após o bloqueio do Plano Collor, em março de 90, a poupança continuou atrelada a um índice de inflação. Sobre ele era aplicada a taxa de 0,5% ao mês.
No Plano Collor 2, o crédito nas contas passou a ser baseado na TR mais 0,5% (o cálculo é de juro composto, taxa sobre taxa).
Como a TR baseia-se na média das taxas dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) prefixados negociados pelos bancos, o rendimento passou a acompanhar os juros de mercado e não mais um índice de inflação.
Inicialmente a TR era fixa para todo o mês. A partir de maio de 93 a TR passou a ser móvel, ou seja, uma TR para cada dia ou "aniversário". Com isso, a poupança segue de perto os juros de mercado.
Como as taxas dos CDBs e a TR são prefixadas –conhecidas com antecedência de 30 dias–, podem perder ou ganhar da inflação.
Em 1993, a poupança acumulou rendimento de 2.633,54%. Ficou 6,74% acima da URV (baseada em três índices de inflação) e 5,50% acima do IPC da Fipe naquele ano.
Na comparação com a URV, a taxa de 6,74% equivale a 0,545% ao mês. Com o IPC da Fipe, 0,447% ao mês.
O mercado financeiro descarta a possibilidade de a poupança render apenas 0,5% ao mês, pelo menos na fase inicial da nova moeda, o real. Isso ficou claro quando o Banco Central decidiu não criar a poupança em URV.
A primeira medida provisória da URV já previa que a TR, antes da virada para o real, será calculada com base nas taxas do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), apuradas dia-a-dia.
A poupança, portanto, não corre o risco de render apenas 0,5% ao mês e ver o IPMF de 0,25% "comer" pela metade o rendimento.
As contas que vencerem no primeiro mês do real deverão ter rendimento decrescente, dia após dia, refletindo a transição dos juros numa fase de inflação superior a 40% ao mês para algo próximo de zero. Não haverá queda abrupta do rendimento de um dia para outro.

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