São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
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Lula presidente ?

CLÓVIS ROSSI

Lula presidente?
SÃO PAULO – Se a eleição presidencial tivesse se realizado no início desta semana, com Orestes Quércia como candidato do PMDB, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já estaria encomendando o terno para a posse. E sem sequer precisar de um segundo turno.
É o que mostra a pesquisa do Datafolha feita na segunda e terça-feiras. Lula, na situação em que Quércia é proposto aos pesquisados como candidato peemedebista, chega aos 42%. Aquém, é lógico, dos 50% mais um dos votos que dispensam a realização de um segundo turno.
Ocorre que a legislação manda eliminar, para efeito dos 50% mais um, os votos em branco ou nulos. Logo, obtém a maioria absoluta já no primeiro turno o candidato que tiver uma porcentagem superior à soma dos votos de todos os demais concorrentes.
É justamente o que ocorre. Os 42% de Lula superam, por sete pontos percentuais, a soma dos 16% de Fernando Henrique Cardoso (PSDB/PFL/PTB) com os 8% de Leonel Brizola (PTB), os 7% de Quércia (PMDB), os 3% de Esperidião Amin (PPR) e o 1% de Flávio Rocha (PL).
É claro que nem a eleição foi no início desta semana nem é certo que Quércia seja o candidato do PMDB, ainda que, por ora, apareça como favorito (com José Sarney no páreo, os 38% de Lula ficam abaixo dos 42% da soma dos demais concorrentes).
Mas a mais recente pesquisa do Datafolha abre, pela primeira vez, a hipótese de que o pleito se defina já no primeiro turno.
Os petistas garantem que não se surpreenderam. Dizem que, a cada caravana que Lula fazia, as pesquisas subsequentes apontavam um crescimento de 2 ou 3 pontos percentuais.
Pode ser que as caravanas sejam de fato a explicação mais determinante para o fato de Lula estar crescendo. Se é assim, podem ser vistas por outro ângulo: caravana significa campanha. Os outros não estão (ou não estavam) em campanha. Logo, quando nela mergulharem, terão uma chance de mudar o quadro.
É uma hipótese. Mas, mesmo que se concretize, o máximo que ocorrerá será impedir a vitória de Lula no primeiro turno. Tirá-lo do segundo turno, agora, parece missão quase impossível.

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