São Paulo, segunda-feira, 9 de maio de 1994
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Grupos armados haitianos resistem

NEWTON CARLOS
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A situação no Haiti tornou-se mais violenta e complicada com a aparição de grupos armados em oposição ao regime que depôs o presidente Jean-Bertrand Aristide.
Há registros de combate sobretudo em Cap-Haitien, segunda maior cidade do pais, 60 km ao sul de Porto Príncipe, a capital do país.
Vários soldados teriam sido mortos, confirmam-se deslocamentos de tropas e fala-se da execução de parte da guarda presidencial, consequência de divisões entre os militares haitianos, donos reais do poder.
O "Haiti Observateur", jornal haitiano publicado nos Estados Unidos, afirma que o racha é verdadeiro.
Porta-voz do Exército acusou Aristide de pretender "desestabilizar o poder" e de estar "por trás dos focos de luta armada", contribuindo para confirmar a existência de populares em armas.
Apesar do envio de tropas, os rebeldes estariam assumindo o controle de áreas florestais em duas montanhas separadas por um rio, possivelmente um futuro foco guerrilheiro.
Seu líder seria Marc Lamour, funcionário público em Cap-Haitien durante o governo de Aristide.
Diante das manifestações de resistência, a repressão fica ainda mais brutal.
A chamada "Plataforma Haitiana", reunindo entidades de defesa dos direitos humanos, diz que cem pessoas foram mortas sumariamente em fevereiro e março, outras 162 foram espancadas ou alvejadas a bala e 153 receberam ordens ilegais de prisão.
Como maior responsável é citada a Frente para o Avanço e Progresso do Haiti, organização paramilitar acobertada pelo Exército.
Foram seus pistoleiros, conhecidos como "attachés", que impediram o desembarque de militares dos Estados Unidos durante a fracassada operação de volta de Aristide.
O presidente do Haiti tem estado em contato frequente com Anthony Lake, do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, e Strod Talbot, subsecretário de Estado.

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