São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Castelo Rá-Tim-Bum" ensina em ritmo de clipe

Programa da TV Cultura faz referência a `Vila Sésamo'

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

Tudo ensina no "Castelo Rá-Tim-Bum", que estreou ontem, às 19h, na Rede Cultura, e tem reprises às 10h e 15h30.
No "Castelo", o meio é a mensagem. O telespectador está diante de uma enorme revista, cheia de informações: cores, texturas, desenhos, pinturas, fotografias, cinema, quadrinhos e contos de fada, com estilos de diferentes épocas, dos efeitos especiais de Spielberg ao artesanato das massinhas de modelar.
Qualquer imagem conta uma história, qualquer pedacinho do cenário, qualquer peça do figurino.
"O Castelo" tem a fórmula de "Rá-Tim-Bum", acrescida de um enredo principal, que acontece no castelo incrustrado na cidade, cercado de prédios. A concepção do programa é de Cao Hamburguer e Flávio de Souza e a direção-geral é de Hamburger.
No episódio de ontem, o aprendiz de feiticeiro, Nino –um menino de 300 anos–, consegue atrair três escolares até o castelo para ter com quem brincar.
O novo programa faz referências, com seus bonecos falantes, ao "Vila Sésamo", sucesso absoluto entre adultos e crianças. Parece também o "Sítio do Pica-Pau Amarelo", em que "Boneca de pano é gente/Sabugo de milho é gente...", ambos exibidos na TV brasileira a a partir dos anos 70.
Mas a velocidade da narrativa é a dos videoclips, para o pequeno público não enjoar ou brincar de outra coisa enquanto assiste ao "Castelo", como faz com os outros programas de TV.
O enredo acontece na forma de pequenos quadros, com cortes velozes de quadro para quadro. São "poemas-minutos", como a animação de "O Relógio", de Vinicius de Moraes, ou o poema-clip "Uma Mão Lava a Outra", de Arnaldo Antunes, sobre água e sabão, torneira e bica, com crianças ricas, pobres e de várias idades aprendendo a lavar as mãos.
O ator Cassio Scapin, no papel de Nino, apóia e orienta a atuação das crianças que contracenam com ele: Pedro (Luciano Amaral), Biba (Cinthya Rachel) e Zequinha (Fredy Allan Galembeck).
Rosi Campos faz uma feiticeira (Morgana) sem concessões. Não é melosa ou tatibitate, embora seja delicada e não carregue na imagem assustadora estereotipada.
A dupla Tíbio e Perônio (Flávio de Souza e Henrique Stroeter), gêmeos cientistas, dão noções de ciência.
A explicação sobre as batidas do coração no quadro deles de segunda foi engraçada e ao mesmo tempo clara do ponto de vista pedagógico.
Sergio Mamberti apareceu pouco na estréia, mas mostrou-se um feiticeiro amigo e "tranquilão", entrou em cena por cima, por conta de seu chapéu de hélice.
É pena que as outras emissoras ainda não tenham aprendido com a tecnologia do "Rá-Tim-Bum", em um país de analfabetos como o Brasil, em que a TV deveria ser o principal professor.

Texto Anterior: Telejornal tinha mais público
Próximo Texto: Filmes trazem de volta glórias do futebol
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.