São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Recrutas não participaram da operação

SÔNIA MOSSRI

SÔNIA MOSSRI; DANIELA PINHEIRO; INÁCIO MUZZI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Exército não permitiu a participação de recrutas (soldados ainda em fase inicial de instrução militar) na operação para ocupar os edifícios da Polícia Federal. Somente "soldados profissionais" (os engajados) foram mobilizados.
Segundo o alto-comando do Exército, os soldados estavam de sobreaviso desde as 15h de segunda-feira. A tropa foi avisada que não poderia deixar o quartel porque poderia ser acionada a qualquer momento, disse um tenente.
Os soldados engajados são aqueles, que, após a prestação do serviço militar obrigatório, optam por permanecer mais quatro anos no Exército. Por isso mesmo, são considerados mais adequados para operações realizadas nas ruas e com presença de civis.
O planejamento do Exército mobilizou mais de 20 mil militares em todo o país e a transferência do batalhão da Brigada Pára-quedista, do Rio de Janeiro, para Brasília.
A Brigada Pára-quedista carioca é atualmente a unidade militar com um dos maiores índices de profissionalização. Todos os batalhões são compostos exclusivamente por soldados engajados.
Todo o armamento usado sinaliza que a operação era classificada dentro do próprio Exército como de "alto risco", segundo o sargento Luís Soares.
A maioria dos soldados empunhava metralhadoras Bereta calibre 9mm. Essa arma é capaz de disparar 150 tiros por minuto.
Duas vezes maior e mais pesada que a Bereta, é o fuzil automático 762. A pontaria desse fuzil é compatível com a de uma AR-15, usada por atiradores de elite. O 762 tem cadência de 180 tiros por minuto.
Na prática, o Exército estava preparado para agir desde o início da greve dos agentes da PF, que completa hoje 53 dias. O Comando de Forças Terrestres do Exército trabalhava no planejamento da operação há uma semana.
Desde a última semana, os comandos do Exército do Sudeste (MG, ES, RJ), do Sul (RS, SC, PR), da Amazônia (AM, AC, RR), do Norte (AP, PA, MA e TO), do Planalto (DF, GO e Triângulo Mineiro), do Nordeste (BA, AL, SE, PE, RN, CE e PB) e do Oeste (MT e MS) já se programavam para eventuais ocupações de sedes da PF.
Cada comando de área do Exército tem um planejamento detalhado para casos de necessidade de intervenção para preservar a ordem pública. Esse esquema é conhecido como Code (Comando de Operação de Defesa).

Colaboraram DANIELA PINHEIRO, da Sucursal de Brasília e INÁCIO MUZZI, do Painel, em Brasília

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