São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Programa de governo deixa economistas céticos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Economistas, políticos, diplomatas e intelectuais que pertencem ao Inter American Dialogue (IAD), entidade que discute problemas continentais, saíram bem impressionados com a conferência feita ali por Lula ontem.
Mas muitos, ao mesmo tempo em que expressavam admiração pela performance pessoal do candidato petista, também manifestavam ceticismo quanto à possibilidade de êxito da plataforma de governo por ele exposta.
Lula evitou assuntos de macroeconomia: "Inflação, déficit, política fiscal, esses temas são discutidos todos os dias".
Preferiu contar para a platéia de cerca de cem pessoas experiências de suas "caravanas da cidadania", casos de, segundo ele, bem sucedidas cooperativas agrícolas e projetos de assentamento rural.
Ele modulou bem seu discurso para a audiência. Ao contrário do tom inflamado da véspera, quando fez um quase-comício para 800 brasileiros na American University, Lula foi moderado, professoral. Elogiou Leonel Brizola (PDT), criticou de maneira elegante Fernando Henrique Cardoso (PSDB), expoente do IAD por anos.
A única vítima, ainda que não nomeada, da retórica de Lula foi o ex-presidente do Banco Central, Francisco Gros (governos Sarney e Collor). Lula disse ter-se surpeendido ao encontrar em Nova York "um ex-presidente do Banco Central que agora é diretor do Morgan" (banco credor do Brasil).
"Eu não sei como ele, que até pouco tempo negociava a dívida externa pelo Brasil, pode agora estar negociando contra o Brasil. Desconfio que ele já negociava contra antes", afirmou Lula.

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