São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994 |
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EUA asseguram imparcialidade a Lula
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
"Isso é muito importante para nós", declarou Lula depois de encontro de uma hora e 15 minutos com o subsecretário de Estado para a América Latina e o Caribe, Alexander Watson. A conversa foi em português. Watson foi cônsul em Salvador e ministro-conselheiro da embaixada de seu país em Brasília. Segundo assessores de Lula, o ambiente durante a reunião foi de grande amabilidade. Watson disse a Lula que a neutralidade dos EUA diante de eleições em outros países "é perfeitamente natural", embora tenha admitido que possa "ter sido diferente no passado". Ele também manifestou preocupação com o fato de que, pelas suas estimativas, quem quer que seja, o presidente eleito no Brasil em 1994 vai governar sem maioria no Congresso. Lula respondeu que se ele for o eleito, seu governo vai estar aberto para negociações com os outros partidos no Congresso, "como ocorre em qualquer democracia". Watson também quis saber a opinião do candidato petista sobre o embargo comercial dos EUA contra Cuba. Lula repetiu o que já havia dito na véspera no Congresso: é contra o embargo, por achar que ele pune mais a população cubana do que o líder do país. O subsecretário perguntou a Lula se ele havia dito, conforme noticiário de jornais, que recusaria convite para participar como presidente eleito da reunião de cúpula das Américas em dezembro em Miami pelo fato de o governo de Cuba não ter sido convidado pelo dos EUA, organizador da reunião. Lula foi evasivo em sua resposta. Ele tem evitado dar resposta direta a essa questão em sua visita a Washington. Mas tem criticado a escolha de Miami como sede da cúpula porque a cidade é o centro do anticastrismo. A conversa entre Lula e Watson teve vários momentos de descontração, em que os dois falaram sobre suas viagens pelo interior do Brasil, em especial no Nordeste. Watson disse que, na sua opinião, "os dois impostos mais cruéis no Brasil têm sido a corrupção e a inflação". Panfletos À tarde, o professor Cândido Mendes, líder do grupo do PSDB que não aceita a coligação com o PFL, organizou no Hotel Ritz-Carlton (Washington) recepção para apresentar Lula a políticos e intelectuais dos EUA. Mendes tem estado o tempo inteiro ao lado do petista na sua visita à capital dos EUA. Na sala do senador Critsopher Dodd, à tarde, ele distribuía folhetos em inglês sobre o que é o PT e quem é Lula. O candidato disse em tom jocoso a jornalistas: "olha o Cândido Mendes panfletando para o PT". Mendes retrucou, também brincando: "Já que querem me expulsar do PSDB, vocês podem registrar meu último delito". Texto Anterior: Programa de governo deixa economistas céticos Próximo Texto: Quércia deve conseguir até 60% dos votos Índice |
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