São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC cria uma diretoria para a nova moeda

Da Agência Folha, em Belo Horizonte e da Sucursal de Brasília
O assessor especial do Ministério da Fazenda, Edmar Bacha, confirmou ontem em Belo Horizonte (MG) que o governo irá criar nos próximos dias uma nova diretoria do BC (Banco Central) para cuidar do real.
Bacha negou que haja um impasse na criação da nova diretoria, mas se recusou a dizer qual nome seria escolhido para ocupar o novo cargo. A disputa está entre os economistas Gustavo Franco e Francisco Lopes.
Esse novo departamento funcionaria como uma espécie de superdiretoria para cuidar da área econômica.
Segundo Bacha, a sua principal atribuição será a de trabalhar na reformulação do sistema financeiro nacional e ajudar a equipe na definição das regras monetárias e cambiais.
O presidente do Banco Central, Pedro Malan, saiu vitorioso e conseguiu convencer o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, a criar a diretoria do real no BC. A proposta enfrentou resistência na equipe econômica.
Na prática, a diretoria do real tem como objetivo criar mais uma cargo com prestígio na área econômica para atrair Francisco Lopes, da empresa de consultoria Macrométrica, para o governo.
Malan e Ricupero querem a assessoria de Lopes para a fase de criação do real, quando a política cambial, comportamento dos preços e volume da nova moeda emitido pelo governo terão papéis decisivos para o plano de estabilização.
As atribuições da nova diretoria estarão ligadas ao acompanhamento macroeconômico do programa. Isso evita desgaste com os diretores de Assuntos Internacionais, Gustavo Franco, e da Área Monetária, Alkimar Moura.
O ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, pretendia criar uma diretoria do real especialmente para Franco. Por isso mesmo, ele não reagiu com entusiamo ao desejo de Malan e Ricupero de trazer Francisco Lopes para o cargo.
Segundo a Folha apurou, o secretário-executivo da Fazenda, Clóvis Carvalho, também prefere que Chico Lopes não integre a equipe econômica.
Carvalho teve suas funções esvaziadas com a chegada do chefe de gabinete do ministro, Sérgio Amaral.
O economista Francisco Lopes –conhecido por Chico Lopes na equipe econômica– foi um dos "pais" do Plano Cruzado. Ele assessorou informalmente os ministério da Fazenda e do Planejamento durante a elaboração do plano, lançado em fevereiro de 86, no governo de José Sarney.

Texto Anterior: Déficit do Tesouro ameaça metas do plano
Próximo Texto: PM investiga desaparecimento de 3 testemunhas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.