São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Autor de `O Chalaça' é cineasta premiado

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 31 anos e com uma produção numericamente modesta –três filmes de curta-metragem, uma peça de teatro e um romance–, José Roberto Torero, autor de "O Chalaça", é um devorador de prêmios.
Em 1992, conseguiu a proeza de vencer o mesmo concurso –o Nascente, da USP– em duas categorias: literatura (com "O Chalaça") e cinema (com o roteiro do curta "Amor").
Em seguida, conquistou para o mesmo "Amor" o Prêmio Incentivo da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. O filme está em finalização. É seu terceiro curta, e o primeiro em 35 mm.
Seu filme anterior, "Nunc et Semper" (1993), venceu o Festival de Brasília e conquistou o prêmio Recherche (de pesquisa e inovação) no Festival de Curtas de Clermont-Ferrand (França), o mais importante do mundo.
Há uma semana, Torero foi um dos ganhadores do concurso Resgate do Cinema, do governo federal, abocanhando US$ 25 mil para a realização de seu quarto curta, "A Alma do Negócio".
A voracidade de Torero não pára por aí. Seu único texto para teatro, "Sic Transit Gloria Dei", ganhou em 1991 o Prêmio Oswald de Andrade de dramaturgia.
Pós-graduando em cinema na Escola de Comunicações e Artes da USP, Torero formou-se antes em letras e jornalismo na mesma universidade.
O que há em comum entre todos os seus trabalhos é o humor. Às vezes negro: em seu primeiro filme, "A Inútil Morte de S. Lira", os parentes de um defunto retalham seu corpo e disputam seus órgãos durante o velório, pensando no mercado de transplantes.
O segundo, "Nunc et Semper" (ou "Canal 100"), é um falso documentário narrado por Paulo José e estrelado por Carlos Moreno, sobre um professor de grego e latim que se tornou campeão de boxe usando xingamentos em vez de socos contra os adversários.
"Canal 100" será exibido numa das próximas edições do programa "Esporte Espetacular", da Globo. Foi vendido também para as emissoras Canal Plus da França e da Espanha e está sendo negociado com a alemã ZDF.
Tudo indica que "Amor" terá um destino semelhante. Acompanha, através de fotografias, a história de um casal, Apolo e Diana, entremeada de outras historinhas e depoimentos de "especialistas".
"A Alma do Negócio", que deve ser rodado em outubro, conta, segundo Torero, a história de um casal através de uma colagem de comerciais.
"Eles levantam de manhã num comercial de lençol, tomam café num comercial de suco ou sucrilhos, vão ao banho num anúncio de ducha etc", resume o autor.
"Só que a tensão aumenta, até que ela pega uma furadeira Black and Decker e o fura, ele pega uma serra elétrica e a mutila", conclui Torero, com um sorriso.
Ele confessa uma queda pela falsificação: " `O Chalaça' é um falso diário, `Canal 100' é um falso documentário, `A Alma do Negócio' são falsos comerciais..."

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