São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Personagem foi alcoviteiro do rei

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O português Francisco Gomes da Silva (1791-1852), o Chalaça, foi um dos personagens mais curiosos da história da Independência brasileira.
Filho de um pequeno nobre com uma arrumadeira, veio ao Brasil com a família real portuguesa em 1808, aos 17 anos.
Trabalhou no paço real, no Rio de Janeiro, como reposteiro –a pessoa encarregada dos móveis e adornos da Corte. Tornou-se depois íntimo do príncipe d. Pedro, futuro imperador do Brasil.
Entre estas últimas, a mais notória era a de arranjar encontros do imperador com amantes e prostitutas.
Mas parece que o Chalaça tinha também grande influência sobre os assuntos do governo.
Numa versão assumida pelo romance de José Roberto Torero, ele teria sido o redator da primeira Constituição brasileira, outorgada pelo imperador d. Pedro 1º anos depois da Independência.
Pouco antes da abdicação do imperador, em 1831, o secretário foi banido do Brasil graças à pressão política do visconde de Barbacena, seu adversário político e desafeto pessoal.
Depois de viver na Inglaterra e na França, o Chalaça voltou em 1833 a Portugal, onde participou ao lado de d. Pedro da disputa entre este e seu irmão, d. Miguel, pelo trono português.
No confronto entre miguelistas (ou realistas) e pedristas (ou constitucionais), os últimos acabaram vencendo, mas d. Pedro –tornado Pedro 4º de Portugal– morreu pouco depois, em 1834.
Tudo indica que é fantasioso o desfecho do livro de Torero, em que o Chalaça acaba casado com a viúva de d. Pedro, d. Amélia de Beauharnais, sua antiga inimiga.
Mas o autor sustenta que pelo menos um livro de história defende essa versão.

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