São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Covas

A pesquisa Datafolha sobre a intenção de voto para o governo do Estado de São Paulo publicada hoje mostra uma vigorosa preferência do eleitorado por Mário Covas (PSDB). De fato, o pré-candidato obtém uma folgada liderança, recebendo entre 54% e 57% dos votos, o que lhe garantiria uma tranquila vitória já no primeiro turno, caso a eleição fosse hoje.
Num distante segundo lugar vem o pedetista Francisco Rossi, com 8% ou 9% das intenções de voto, dependendo da situação apresentada ao entrevistado. Covas também tem a seu favor o fato de apresentar a menor taxa de rejeição de todos os prováveis candidatos: 11% contra variações de 24% a 32%.
Mas essa folgada liderança se mostra bem mais frágil quando se analisa um outro número revelado pela pesquisa: a intenção de voto espontânea. Nesse tipo de sondagem, em que o eleitor responde em quem votará sem receber nenhuma espécie de estímulo como a cédula eleitoral, Covas despenca para 5%, empatando com Paulo Maluf, que nem mesmo é candidato.
É bem verdade que na eleição propriamente dita existe o estímulo e que é normal que os candidatos exibam números significativamente inferiores em pesquisas espontâneas. Ainda assim, o tamanho da variação do peessedebista sugere que os altos índices apresentados na sondagem estimulada se devem mais ao fato de Covas ser o nome mais conhecido do eleitorado –ele já disputou a Presidência e foi prefeito biônico de São Paulo– do que a uma intenção de voto mais definitiva e solidificada.
Quando a campanha começar de fato, a tendência é que os outros candidatos apareçam mais e o próprio Covas e seu partido deverão ser o principal alvo dos concorrentes, de modo que o peessedebista poderá até cair nas pesquisas.
De qualquer forma, o fato é que Covas sai com uma formidável vantagem. Terá, porém, de trabalhar muito para conservá-la e torná-la mais sólida. A essa altura, os piores inimigos de Covas são o clima do já ganhou e as tradicionais trapalhadas de seu partido em campanhas.

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