São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Circuito da morte

Foi necessário mais um grave acidente para que os debates sobre segurança na Fórmula 1 iniciados com o trágico Grande Prêmio de San Marino começassem a se traduzir em providências concretas. Depois da colisão que levou o austríaco Karl Wendlinger a um coma no Principado de Mônaco –estado em que se encontra ainda–, a Federação Internacional de Automobilismo finalmente anunciou uma série de medidas destinadas a aumentar a segurança nas corridas.
O objetivo principal das mudanças –que deverão entrar em vigor segundo um cronograma progressivo– é o de reduzir a crescente velocidade dos carros. Assim, o aumento do peso dos veículos, medidas para reduzir a potência do motor, além de várias outras alterações técnicas, deverão tornar o esporte mais lento e, espera-se, menos mortífero do que hoje.
Num outro plano, não deixa de ser animador constatar que os próprios pilotos afinal resolveram tomar nas suas mãos parcela da responsabilidade pelas suas condições de trabalho. Reativaram a Associação de Pilotos de Grande Prêmio e deverão começar a realizar inspeções sobre os circuitos.
Depois das tragédias das últimas semanas –com destaque sem dúvida para a morte de Ayrton Senna–, e das fortes pressões que daí derivaram, mesmo o peso considerável do argumento financeiro em favor de corridas mais emocionantes não poderia impedir a realização de mudanças. É preciso contudo não nutrir ilusões de que a Fórmula 1 deixará de constituir um esporte com elevado componente intrínseco de risco, que nenhuma alteração técnica pode extirpar. Correr a 200 km/h afinal pode ser um pouco menos perigoso do que a 300 km/h. Mas só um pouco.

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