São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Galinha-d'angola combate os gafanhotos na Paraíba

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

Pequenos agricultores da Paraíba estão procurando formas alternativas de controle biológico dos gafanhotos. Eles estão criando galinhas-d'angola, conhecidas no Nordeste como guiné.
As galinhas comem até dez gafanhotos por minuto e conseguem capturar o inseto no ar.
"A galinha-d'angola é mais arisca e voa atrás do gafanhoto", explica João Berquimas de Andrade, 46, coordenador Estadual de Combate ao Gafanhoto e chefe da Seção de Sanidade Vegetal da Defara (Delegacia Federal da Agricultura) da Paraíba.
Apesar disso, as galinhas-d'angola não conseguem exterminar os gafanhotos, que se multiplicam rapidamente.
Cerca de 30% das pastagens e das lavouras de feijão, milho, abacaxi e cana de 40 municípios paraibanos foram destruídas desde janeiro deste ano pela praga.
A praga também atingiu os Estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte e ameaça entrar em Sergipe e Alagoas.
O prejuízo nos canaviais deve aumentar a partir de julho e agosto, quando mais uma geração de gafanhotos deve coincidir com a brotação da cana.
A partir de agosto próximo, quando começar o verão, os gafanhotos deverão concentrar o ataque nas culturas de cana, abacaxi e mandioca, que permanecem verdes o ano todo.
Berquimas disse que a Defara guardou um estoque estratégico de 8.000 a 10 mil litros de inseticida para contra-atacar a praga de gafanhotos durante o verão.
No final do mês passado, foram enviados ao Estado pelo Ministério da Agricultura 21 mil litros de inseticida.
A pulverização terrestre é acompanhada por técnicos da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e da Defara.
A Emater está fazendo um levantamento detalhado dos prejuízos com a praga.
Segundo Berquimas, devido à pulverização, a redução do grau de infestação por gafanhotos "é visível em pelo menos cinco municípios do Estado".
Cada fêmea de gafanhoto vive cinco meses e põe até 150 ovos. Em condições normais, segundo o Ministério da Agricultura, deveria haver um gafanhoto adulto por metro quadrado.
Na Paraíba, há até 200 gafanhotos por metro quadrados nas áreas mais infestadas pela praga.
Além das galinhas-d'angola, os pequenos agricultores são beneficiados pelos sapos e por uma ave da região conhecida como lambú, que também se alimenta de gafanhotos, embora com menor intensidade.
Os gafanhotos medem entre cinco e sete centímetros. Segundo Berquimas, eles comem por dia o equivalente ao seu peso.
Os insetos gostam principalmente de vegetais verdes. Mas, durante os períodos de estiagem prolongada, atacam as cascas dos vegetais secos.
Há informações de gafanhotos no Nordeste desde 1856. A praga atual começou a se expandir em 1985, principalmente nos períodos de seca, que afasta da região as aves predadoras do inseto.

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