São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Sem-terra diz que Lula é um líder `meio messiânico'

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, é tido como "um líder meio messiânico" pelos camponeses.
A afirmação foi feita ontem por João Pedro Stedile, um dos coordenadores nacionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).
Segundo ele, a candidatura de Lula é a "última esperança" dos sem-terra para a solução dos problemas agrários do Brasil. Stedile acha que o candidato petista é o único que pode fazer a reforma agrária no país.
"Nunca os camponeses se sentiram tão identificados com um candidato quanto com o Lula", disse. Para Stedile, isso causa até um certo "medo" na direção do MST, porque "o camponês tem um pouco esse negócio da mística, de gostar de um líder."
Os sem-terra criticaram o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero. Na semana passada, o MST invadiu sedes regionais do ministério em vários Estados e Ricupero se recusou a atender uma comissão do movimento.
Depois do episódio, Ricupero afirmou que considerou "incompreensíveis" as invasões dos prédios porque, a seu ver, o ministério não tinha relação direta com a reforma agrária.
Stedile e Gilmar Mauro, outro coordenador nacional do MST, contestaram o ministro. Eles disseram que o MST fez quatro reivindicações que dependem diretamente do Ministério da Fazenda.
Os sem-terra reivindicam:
1) A liberação do equivalente a 5 milhões de URVs para pagamento de benfeitorias de 62 fazendas desapropriadas. Esses recursos seriam necessários para o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) regularizar a posse das áreas desapropriadas.
2) A liberação de US$ 452 milhões para crédito de reforma agrária e US$ 613 milhões para o programa de assentamentos.
Esses valores foram aprovados pelo Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar) –órgão criado pelo governo Itamar Franco para discutir o problema da fome no país–, mas foram liberados apenas US$ 170 milhões.
3) A destinação, nos meses de junho e julho, de US$ 200 milhões do Procera (Programa de Crédito Especial para Reforma Agrária).
4) Que o governo pague os valores atrasados desde março às pessoas que estão trabalhando nas frentes de emergência contra a seca no Nordeste. Estas pessoas recebem meio salários mínimo.

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