São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Governo tenta aprovar hoje MP do plano

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo tentar aprovar hoje a Medida Provisória 482, que cria a URV (Unidade Real de Valor).
A estratégia governista é colocar em plenário o maior número de parlamentares, para assegurar a vitória na votação.
Os governistas terão de enfrentar a obstrução do PT (Partido dos Trabalhadores) e a resistência da bancada ruralista, que ainda não se considera satisfeita com as mudanças feitas no texto da MP para atender suas reivindicações.
O governo tem pressa em aprovar a MP da URV, pois considera que quanto mais o tempo passa maior é a resistência política dos partidos que não apóiam o nome de Fernando Henrique Cardoso para a Presidência da República.
Há um temor, por exemplo, em relação aos parlamentares do PMDB ligados ao candidato Orestes Quércia, que já manifestou intenção de fazer oposição ao governo Itamar Franco.
Na votação de hoje, entretanto, essa postura de oposição ainda não deve se manifestar. O deputado Alberto Goldman (PMDB-SP), um dos parlamentares mais ligados a Quércia, disse ontem que não dá para mudar os compromissos assumidos pela liderança.
Segundo o deputado, o fato de o PMDB não se considerar no governo não quer dizer que vai votar contra a MP. Ele afirmou que a partir de agora o PMDB vai assumir uma linha de independência em relação ao governo, não de oposição radical.
A convocação para a sessão de hoje, prevista para às 17 horas, começou a ser feita na sexta-feira.
Os líderes do governo, ambos do PMDB, Luiz Carlos Santos (Câmara) e Pedro Simon (Senado) e os presidentes das duas casas estão mobilizando todas as bancadas para a votação.
A área econômica não admite fazer novas concessões aos ruralistas, mas ainda assim acredita que poderá aprovar a MP.
A estratégia é garantir o quórum necessário na votação -252 parlamentares em plenário- e a partir daí contar com a divisão dos parlamentares ruralistas.
Muitos deputados ligados ao setor rural já anunciaram que se houver quórum votarão com o governo. A bancada ruralista é formada por cerca de 130 parlamentares que normalmente votam coesos em assuntos de interesse do setor.
Na última tentativa de votação, quinta-feira passada, faltaram dois deputado para permitir que o quórum de 252 presentes fosse atingido para permitir a apreciação da medida no plenário do Congresso.
O governo também enfrentou a obstrução do PT, que insiste em incluir no texto a reposição de perdas salariais que teriam sido provocas pela conversão para a URV, em março passado.
A bancada ruralista tinha a expectativa de avançar nas negociações sobre a anistia de dívidas provocadas pelo descasamento dos índices de correção dos financiamento e do preço dos produtos, durante o Plano Collor 1, em março de 1990.

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