São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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`Arredondamento' pode elevar preço

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o real entrasse em vigor na sexta-feira passada, os preços já estariam em média de 2% a 3% mais altos, só por conta do arredondamento. O cálculo é do consultor Gil Pace, da GPC.
Segundo ele, pesquisa da GPC indica que "todos os setores" vão converter seus preços para o real, em julho, com arredondamentos para cima nos múltipos de cinco.
Por exemplo: um produto que custe R$ 17,31 ser automaticamente corrigido para R$ 17,35, R$ 17,40 ou até R$ 17,50, diz.
A mesma pesquisa sugere que as empresas vão promover aumentos reais (além da inflação) como defesa de eventual congelamento.
As altas devem ocorrer na segunda quinzena de junho, em percentuais entre 20% e 25%, diz Pace. Por conta dos dois fatores, Pace prevê inflação de 11% a 12% no primeiro mês da nova moeda.
Cabe Segundo ele, isso se deve à falta de credibilidade do plano e do governo entre os empresários. Caberia ao governo reverter a situação na base do diálogo.
Sem isso, afirma, o Plano Real não se sustenta por mais de três meses, pois faltam "reformas estruturais" na economia –como ajuste fiscal e monetário, reforma tributária e "tudo que dependia" da revisão constitucional.
Exagero
O economista Geraldo Gardenalli, professor da Fundação Getúlio Vargas, considera "exageradas" as previsões do empresariado levantadas por Pace.
Diz que altas preventivas não são novidade. Além disso, não há perspectiva de congelamento.
Segundo ele, não é possível dizer se haverá arredondamento para cima. "As condições de mercado é que vão determinar isso."
Para Gardenalli, dependendo do setor, a alta pode ser até maior que a prevista ou ocorrer redução.
"Na Argentina, durante o plano de estabilização, o governo fez uma campanha intensa mostrando que o centavo ia valer muito, para a população evitar arredondamento", diz. "Talvez valesse a pena ressaltar isso aqui também."
Para Carlos Luque, presidente da Ordem dos Economistas de São Paulo, "a aceleração intensa das taxas já vem desde fevereiro".
Ele acredita que "ninguém vai deixar as remarcações para a última hora".

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