São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Ricupero nega caráter eleitoreiro do plano

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, deixou ontem as declarações diplomáticas de lado e criticou os políticos.
Ricupero procurou rebater as acusações de que o Plano Real foi concebido para eleger seu principal formulador, o virtual candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso.
"No ano passado, o próprio país exigia um plano para combater a inflação", disse. "O PMDB ameaçava desembarcar do governo devido à falta de um plano".
Ricupero repetiu três vezes a frase "Quem decide sou eu" durante os 20 minutos em que falou aos jornalistas, ontem na sede do Banco do Brasil.
A entrevista de Ricupero surpreendeu sua assessoria. Segundo a agenda prevista, o ministro faria palestra a executivos do BB, almoçaria com a diretoria do órgão e sairia sem dar declarações.
Mas tocou num ponto delicado, ao afirmar que a estabilização definitiva da inflação dependerá de reformas na Constituição, em especial na área de impostos e da Previdência Social.
Negou que isso caracterize o caráter eleitoreiro do plano. "O futuro governo terá que consolidar o êxito que certamente teremos".
Ainda sobre o que chamou de "condições ideais", Ricupero disse que há medidas importantes do plano inviabilizadas no momento, por se tratar de um ano eleitoral.
Esse é o caso da permissão para que o real seja livremente trocado por dólares, a exemplo do ocorrido no plano econômico argentino. A medida significaria a aceitação do dólar como moeda no país.
Ricupero voltou a afirmar que reeditará quantas vezes for preciso a medida provisória da URV (Unidade Real de Valor), se o Congresso não a aprovar. "É o interesse de toda a sociedade".
Sobrou uma farpa para o pré-candidato do PMDB, o ex-governador paulista, Orestes Quércia. "Pedi apoio ao Quércia para o plano, ele ficou de fazer uma avaliação e eu a espero até hoje".
Quércia é um dos políticos que acusam a utilização do Plano Real em apoio a FHC. No final de semana, ele defendeu que seu partido deixe de apoiar o governo.
Ricupero também atacou a imprensa. "A falta de compromisso de vocês com a verdade é impressionante. Às vezes eu leio nos jornais declarações atribuídas a mim completamente equivocadas, muitas vezes opostas ao que eu disse".

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