São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Acordo amenizou protestos contra aliança

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; GABRIELA WOLTHERS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um acordo feito de última hora entre a direção do PSDB e a dissidência tucana amenizou os protestos contra a coligação com o PFL.
Pelo acordo, Fernando Henrique Cardoso se manifestaria em seu discurso contra a tese do "Estado mínimo" –redução das atribuições do Estado.
A tese do "Estado mínimo" é a principal bandeira do PFL, aliado de FHC na sucessão presidencial. O PSDB, ao contrário, defende a participação do Estado em algumas áreas econômicas e sociais.
Na véspera da convenção, os dissidentes tucanos ameaçaram entrar na Justiça contra a aliança.
Segundo eles, o estatuto do PSDB exige identidade programática com outros partidos para poder haver coligações.
Na reunião estavam presentes o professor Cândido Mendes, representante dos dissidentes, e Tasso Jereissati, Ciro Gomes, Sérgio Motta e Odilon Coutinho.
Os dissidentes concordaram com a proposta da direção tucana. A crítica ao "Estado mínimo", que constava do discurso de FHC, agradava a dissidência. Mas o discurso acabou não sendo lido.
Aparentemente, o discurso foi deixado de lado por causa do tumulto ocorrido na hora em que FHC chegou à convenção acompanhado de políticos do PFL.
Integrantes da Juventude do PSDB vaiaram FHC e o PFL.
FHC falou de improviso e tentou conter a fúria dos manifestantes. Seu discurso demorou mais de meia hora. O candidato falou de vários assuntos, mas não fez referência ao "Estado mínimo".
No discurso, cujo texto foi distribuído a convencionais, FHC dizia ser contrário ao "Estado mínimo" (veja trecho ao lado).
Cândido Mendes acredita que o discurso não foi lido por causa dos protestos contra a coligação. Outros dissidentes, como o senador Dirceu Carneiro (PSDB-SC), continuam discordando da aliança e da convenção que a homologou.
"Aquilo foi uma velhacaria", disse. Segundo Carneiro, a direção do PSDB proibiu que ele falasse na convenção e "manipulou" o resultado da convenção. Segundo ele, não houve apenas 12 votos contra a aliança.
Os disidentes chamaram a atenção para o grande número de abstenções. Dos 308 votos possíveis, 177 foram a favor, 12 contra e 119 deixaram de ser dados.
Isso significa que apenas 22 votos superaram o quórum para a aprovação da aliança (155 votos).
Em Brasília, o coordenador da Juventude do PSDB, Sandro Resende, negou que as vaias contra FHC e os pefelistas tenham partido de membros do MR-8 e do PT, como alegaram o candidato e o governdor cearense Ciro Gomes.
"Não tinha uma única pessoa nem do MR-8 (grupo que apóia Orestes Quércia) nem do PT." Ele afirma que estavam no local cerca de 200 integrantes da Juventude do PSDB. "Nós não vaiamos FHC, vaiamos o PFL", disse ele.

Colaborou GABRIELA WOLTHERS, da Sucursal de Brasília

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