São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Amin inicia campanha com ataque à aliança PSDB-PFL

Acordo em torno de FHC é `postiço', diz candidato do PPR

FERNANDO DE BARROS E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Candidato à Presidência pelo PPR há 16 dias, o senador Esperidião Amin (SC), 45, já elegeu seu principal alvo para o início da campanha: a aliança PSDB-PFL-PTB.
Amin diz que a aliança em torno de FHC é "postiça" e conclui que a campanha do senador tucano será movida a "extintor de incêndio" para conter os descontentes tanto no PFL como no PSDB.

Folha - O sr. pretende bater na aliança PSDB-PFL–PTB para se viabilizar como alternativa a Fernando Henrique?
Esperidião Amin - Nem preciso fazer isso. Uma coisa é fazer uma coligação no Piantella (restaurante de Brasília frequentado por políticos). Outra é fazer uma coligação no Brasil.
Essa coligação funcionaria perfeitamente no Colégio Eleitoral, não numa eleição direta, onde você precisa do apoio da liderança estadual, da liderança municipal e, sobretudo, do eleitor.
Folha - Qual o erro de FHC?
Amin - Ele age como se tivesse o apoio sem ter feito nenhuma concessão. Para os seus aliados do PSDB, ele continua tratando o PFL como "aquela gente que vai nos dar os votos".
O PFL espera, com razão, que o PSDB pelo menos o trate como gente, o que não acontece na prática. Isso me faz lembrar os primeiros aviões da Sadia Transportes Aéreos. Era um avião misto: no compartimento da frente iam os passageiros, o PSDB, e atrás a carga, o PFL.
Folha - Dê um exemplo disso.
Amin - São Paulo. Você quer maior exemplo de desconsideração do que este do PSDB paulista em relação a Cabrera? Por isso, digo que essa candidatura vai provocar uma constante solicitação ao Corpo de Bombeiros. Vai ser uma campanha movida a água e a extintor de incêndio.
Folha - O sr., pelo jeito, vai fazer o papel de incendiário.
Amin - Eu tenho que crescer e isso é inevitável. Vou fazer um discurso de questionamento dessa falsa bipolarização entre Lula e FHC. Um discurso que mostre uma individualidade e me coloque como alternativa real para os malquistos da coligação entre PSDB e PFL.
Folha - O sr. não está subestimando a exeperiência política de pessoas como Antônio Carlos Magalhães ou Marco Maciel?
Amin - Não, de jeito nenhum. Estou estimando o orgulho deles, que é legítimo. Ninguém quer ser relegado à segunda classe. O PFL continua sendo um parceiro natural da minha candidatura, apesar de ter escolhido outra aliança.
Folha - O seu partido fechou com a candidatura de Luiz Antonio de Medeiros, do PP, ao governo de São Paulo. Mas tem muita gente dentro do PPR querendo desembarcar, descontente com essa escolha.
Amin - Esse tipo de percalço é natural. Nós estamos dando um salto de qualidade em São Paulo. O fato de apoiarmos um candidato novo na política, de um partido ainda não assentado, é uma inovação. Eu confio no empenho do Maluf e nas lideranças estaduais do partido.
Folha - E o sr., vai trabalhar por Medeiros?
Amin - A decisão já está tomada. Eu só posso aplaudi-la.
Folha - E o Quércia? O sr. vai esquecê-lo por enquanto?
Amin - Não sei quais são as perspectivas dele. Ele só vai aparecer se conseguir bater no Fernando Henrique. Eu também questionarei o Fernando, mas não tenho a dependência existencial que o Quércia tem em relação a isso.

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