São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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`Black' vira alternativa ao FAF, mas tem armadilhas

DA REPORTAGEM LOCAL

A alta da cotação do paralelo eliminou a desvantagem em relação ao comercial, o que pode levar muita gente a elegê-lo como uma nova opção ao FAF para o dinheiro de curto prazo.
O problema, porém, é que o investidor compra por um preço, mas vende no dia seguinte por outra cotação, menor, ao mesmo cambista.
O rendimento medido entre o preço de venda do cambista na sexta-feira e o de compra, ontem, foi de apenas 0,65%.
Comparando os preços de venda com venda, houve valorização de 1,96% no mesmo período. Por causa dessa diferença entre o preço de compra e de venda, não vale a pena utilizar o dólar como instrumento de substituição ao FAF.
A variação diária do FAF tem sido de cerca de 1,60% ao dia, depois que o dinheiro venceu o prazo de carência de 15 dias úteis, sujeito ao IOF.
Esta diferença come toda a vantagem. "Na teoria pode estar certo, mas na prática não vale a pena por causa desse spread", afirma Nathan Blanche, presidente da Anoro (Associação Nacional de Câmbio e Ouro).
Foi-se o tempo em que o ágio entre o paralelo e o oficial era de 100%, nas eleições presidenciais passadas e o spread entre compra e venda tornava-se insignificante.
Desde o início do mês, o FAF rendeu 13,42%, enquanto o dólar valorizou 22,40%. No horizonte da primeira metade do mês, valeria a pena aplicar no dólar como alternativa para os gastos de curto prazo. "Mas também aí o ganho não tem nada de mais", afirma Paulo Mallmann, diretor financeiro do Banco BMC.
"Para prazos mais extensos, são melhores o novo fundo em URV e o commodities", acrescenta. "Eles rendem uma taxa fixa, sem os riscos do dólar."
Luiz Fernando Figueiredo, diretor do Banco BBA, afirma que o dólar até pode ser uma alternativa ao FAF, mas ambas são péssimas opções.
"Para os recursos de curto prazo, o fundo em URV e o de commodities têm vantagens inegáveis", afirma.
O Citibank, por exemplo, já decidiu que encerra o seu FAF amanhã, e faz a tranferência automática dos recursos nele depositados para o fundo em URV.
Os analistas consideram que o preço do paralelo chegou ao seu limite de alta. "O dólar já comeu o deságio de 3% e agora tende a se estabilizar", afirma José Berenger, diretor financeiro do ING Bank.
"Mesmo se o Lula vencer as eleições, ele só assume em janeiro de 95. Tem muito tempo ainda de juro real elevado, principalmente após a criação do real", diz ele.
A rentabilidade do fundo de commodities atingiu 15,05% no mês, o que aponta para um juro real, acima da URV, de 2% no mês. O novo fundão paga entre 1% e 1,5% ao mês acima da URV.
Segundo Antônio Pavão, diretor do Bradesco, o fundo em URV é o mais adequado para o assalariado abrigar-se contra a inflação.
"Se ele tiver dinheiro para ficar guardado por mais de um mês, no mínimo, o melhor é o commodities", afirma. "Para quem não tem essa condição, o fundo em URV é melhor."
O fundo em URV do Bradesco, segundo Pavão, está pagando um juro real mensal de 1,5% e na, semana que vem, vai permitir o resgate automático para a conta corrente do aplicador neste produto.
Marcelo Giufrida, diretor do Banco CCF, concorda que o fundo de commodities é o melhor e não há motivos para se temer mudança de regras para o dinheiro que já estiver aplicado no produto, na virada para o real.

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