São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Violência e paixão

FÁBIO SORMANI

Quatro jogos movimentam a fase semifinal das Conferências do Pacífico e do Atlântico. Você que está acompanhando atentamente sabe que Houston e Phoenix empatam a série em 2 a 2, que o Utah vence o Denver por 3 a 1, que o Indiana ganha do Atlanta também por 3 a 1 e que New York e Chicago estão iguais em 2 a 2.
Desses confrontos, nenhum se compara a Chicago e New York. As demais rixas seguem disputadíssimas, jogos sensacionais, ginásios lotados etc. Mas nenhuma tem os ingredientes de New York e Chicago.
Sexta-feira, por exemplo, quebrou um pau federal na quadra do Chicago. Os dois personagens centrais, Jo Jo English (Chicago) e Derek Harper (New York), foram suspensos e multados em US$ 10 mil e US$ 15 mil, respectivamente. Oito jogadores do Chicago foram penalizados em US$ 2,5 mil, cada, e sete do New York receberam a mesma punição. Mais: cada um dos times desembolsou US$ 50 mil de multa.
Depois de ver e rever o incidente de sexta-feira, de assistir ao jogo de domingo, é fácil chegar à conclusão de que a rivalidade entre essas duas equipes está cada vez mais acentuada e que os nervos ficam à flor da pele única e exclusivamente por causa da conivência da arbitragem e da NBA.
Explico. O que os jogadores do New York batem é de dar inveja a qualquer filme de kung-fu que a Bandeirantes exibe nas noites de terça-feira. E sabe o que os árbitros e a NBA fazem? Pouco, muito pouco.
Se todos se unissem e resolvem erradicar a violência das quadras, creio que não sobraria pedra sobre pedra do time do New York. Aí, eu me pergunto: será que é de interesse da NBA que o New York volte a ser um timinho?
No livro "Minha Vida", Magic Johnson disse que nenhum torcedor é igual ao do New York. É na "Big Apple" que mais se entende de basquete no planeta.
Depois que os Lakers entraram em declínio, todo o "glamour" da NBA se transferiu para Nova York. É comum ver nas cadeiras de pista do Madison Square Garden personalidades como o diretor de cinema Spike Lee, o casal Kim Basinger e Alec Baldwin, Bill Murray, Michael Douglas, Madonna, Woody Alen e Diane Keaton, entre outros.
Com o New York fora de cena, tudo isso vai para o espaço.
Aí eu faço a pergunta final: será que a NBA precisa disso tudo?

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