São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Segregação racial atinge escolas dos EUA

PATRICIA EDMONDS
DO "USA TODAY"

\<FT:"MS Sans Serif",SN\>Aluno negro em sala de aula após fim da segregação racial em escola de Norfolk, Virgínia
PASTA: Racismo - EUA.Crédito Foto: UPI - 6.fev.59
Arte: QUADRO: A SEGREGAÇÃO NAS ESCOLAS DOS EUA
Observações: COM SUB-RETRANCA; TRADUÇÃO: CLARA ALLAIN
Segregação racial atinge escolas dos EUA
Quando a Suprema Corte dos EUA deu seu veredicto no caso Brown versus Conselho de Educação, em maio de 1954, a decisão parecia prometer o fim das escolas segregadas e desiguais.
Embora a maioria das pessoas elogie as metas do veredicto, a integração racial é, na melhor das hipóteses, uma vitória parcial, e, na pior, um sonho que acabou.
Hoje, quase dois terços dos estudantes negros e três quartos dos hispânicos estudam em escolas onde menos da metade dos alunos são brancos.
"A discriminação racial em nossas escolas continua e vai muito bem", diz o juiz Robert Carter.
Outros questionam se o veredicto Brown melhorou a educação das crianças negras. "Meus alunos negros não precisam sentar-se ao lado de alunos brancos para terem uma educação de boa qualidade", diz Herman Clark, diretor de uma escola primária com 99% de alunos negros em Norfolk, Virgínia.
O anúncio do veredicto Brown, em 17 de maio de 1954, representou um marco histórico. Desde então tribunais impuseram o fim da segregação. Algumas ordens deram certo, mas outras foram enfraquecidas ou suplantadas por mudanças demográficas e de atitudes.
"O veredicto Brown ainda é a construção jurídica mais importante do século 20", diz Laurence Tribe, da Universidade Harvard.
"O veredicto quebrou a espinha do apartheid americano", diz Theodore Shaw, do Fundo Educacional e de Defesa Jurídica da NAACP (Associação Nacional para o Progresso dos Negros).
Hoje, muitos líderes negros estão detectando a distância que existe entre o ideal e a realidade.
"'A integração acontece, mas depois o jogo muda", diz Diane Brown, negra, superintendente escolar em Long Island, Nova York.
Seja através da evasão de alunos brancos ou do processo de separação de alunos por nível pedagógico, pelo qual os alunos que pertencem a minorias raciais são colocados em classes mais "atrasadas".
O veredicto completa 40 anos em meio a avaliações diferentes. Um coro crescente reclama que a integração racial é inviável nos distritos escolares que virtualmente não têm estudantes brancos.
Também seria inefetiva porque pais que têm condições financeiras de mudarem de residência tiram seus filhos de escolas integradas.
A integração seria secundária em relação à necessidade mais urgente: oferecer boa educação a todos os estudantes.
Quando Oliver Brown, um soldador de Topeka, Kansas, processou o conselho de educação local, no início de 1951, ele só queria poupar sua filha Linda de um longo trajeto de ônibus, por não ser aceita nas escolas brancas mais próximas de sua casa.
Apesar do veredicto Brown, tropas federais tiveram de escoltar nove alunos negros até o Ginásio Central de Little Rock em 1957.
Em 1963 o então governador George Wallace tentou barrar o ingresso de estudantes negros na Universidade do Alabama.
Apesar disso, houve a chamada "era dourada" da integração racial nas escolas. O sul do país passou do virtual apartheid à integração: em 1991-1992, apenas 26% dos alunos negros estudavam em escolas predominantemente negras.
Mas em muitas comunidades, as tentativas de pôr fim à segregação emperraram. Famílias fugiram das escolas mistas. Muitos tribunais deixaram de supervisionar a integração racial nas escolas.
O veredicto Brown constitui um exemplo perfeito de como as batalhas para o fim da segregação são travadas repetidas vezes, mas raramente são vencidas.

Tradução de Clara Allain

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