São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Tarifas serão arma contra inflação em real
SÔNIA MOSSRI
A Secretaria de Política Econômica da Fazenda está convencida de que a Petrobrás não precisa de reajustes de preços, após a entrada do real, até que a inflação acumulada atinja a marca de 15% desde a implantação da nova moeda. As tarifas não devem sofrer reajustes enquanto o câmbio permanecer congelado ou "fixo" –como prefere a assessoria do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero. A equipe econômica preocupa-se com os aumentos preventivos de preços por causa da criação da nova moeda. A Fazenda e a Justiça estão de olho nos reajustes praticados por segmentos da indústria de cimento, alimentação, higine e limpeza. O governo ainda não adotou nenhuma medida legal em relação a esses aumentos porque não dispõe de legislação adequada. Por isso mesmo, o presidente Itamar Franco assina nos próximos dias medida provisória para coibir aumentos abusivos de preços. A MP tomará por base o projeto de lei antitruste que está tramitando no Congresso. Ele define aumento abusivo de preços como aquele que não é justificado pela evolução dos custos de produção, além de comparações com similares no mercado interno e externo. O governo dispõe de informações que revelam reajustes de até 20%, após a conversão dos preços em URVs (Unidade Real de Valor), de sacas de cimento. Aumentos nessa faixa também foram registrados em produtos de grandes marcas de alimentação, higiene e limpeza. Se persistirem após a criação do real, o governo aplicará multas de até US$ 3 milhões –suficientes para a comprar três apartamentos triplex em Moema, zona sul de São Paulo. A GPM Consultoria, uma das principais empresas do setor privado especializadas em índices de preços, já prevê aceleração dos reajustes de preços como medida preventiva à entrada do real. Na Fazenda, teme-se que um eventual aumento de preços de produtos básicos após o real não seja tolerado pelo presidente Itamar Franco. O presidente tem simpatia por alguma modalidade de controle de preços sobre a cesta básica, já manifestada à área econômica. O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, resiste ao retorno do tabelamento ou controle de preços. O esforço para evitar inflação em real incluirá o aumento o recolhimento compulsório junto ao Banco Central sobre depósitos à vista, poupança e a prazo. O compulsório é uma parcela desses depósitos que os bancos são obrigados a recolher ao BC. O resultado imediato dessa medida é que as instituições têm que reduzir as aplicações em empréstimos e títulos. Com isso, a equipe econômica quer reduzir o volume da nova moeda em circulação e saída de recursos de aplicações financeiras para o consumo. Texto Anterior: Negociação entre governo e Congresso começa hoje Próximo Texto: PF grampeia telefones de bicheiros presos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |