São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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De olho nos jornalistas

JANIO DE FREITAS
DE OLHO NOS JORNALISTAS

Os meios de comunicação brasileiros vão passar por uma nova experiência nas eleições deste ano: os noticiários de todos os principais jornais, TVs, rádios e revistas serão acompanhados dia-a-dia por uma comissão de ombudsmen, com a finalidade de identificar os comportamentos antiéticos capazes de influir no eleitorado. Os casos de transgressão da ética serão apontados ao país em boletins da comissão.
A iniciativa foi aprovada na última reunião do Movimento pela Ética na Política, realizada em Brasília. Ex-presidente da OAB e integrante da comissão da sociedade civil que liderou o movimento pelo "impeachment" de Collor, Marcelo Lavenére está indicado para ombudsman-chefe da comissão de vigilância ética. Os demais componentes ainda não foram escolhidos.
Mais do que ter encontrado, com a idéia da comissão de ombudsmen, a melhor maneira de cumprir a finalidade que lhe deu origem, o Movimento pela Ética na Política vai proporcionar uma providência enfim saudável para o processo eleitoral. Apesar dos precedentes tão graves da eleição presidencial de 89, a Câmara e o Senado não adotaram qualquer medida restritiva das manipulações do jornalismo com fins deturpadores do processo eleitoral democrático. Muito ao contrário, a lei eleitoral que saiu do Congresso não atenuou nenhum dos vícios das eleições e agravou muitos deles. Entre estes, o da transformação de eleições, em todos os níveis, em batalhas entre recursos financeiros.
Mais uma vez, portanto, é das chamadas entidades da sociedade civil, e não do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, que se projeta uma iniciativa reparadora da insalubridade predominante nos poderes instituídos. A comissão de ombudsmen do período eleitoral bem que podia ser o nascedouro de uma comissão permanente, tão necessária.

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