São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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Cade poderá dissolver monopólios privados

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Cade (Conselho Administrativo da Defesa Econômica) terá poder para determinar a dissolução de monopólios privados que praticarem abuso de poder econômico.
O órgão também poderá anular a venda de ações ou quotas de uma empresa que seja acusada de, com essa operação, formar um monopólio (ter o controle da maior parte da oferta de um bem ou serviço).
É o que prevê o artigo 24 do projeto da nova lei de defesa da livre concorrência. O governo está disposto a editar uma MP (medida provisória), com alguns pontos, se o projeto não for aprovado em 15 dias por acordo entre partidos.
A dissolução de monopólios privados poderá acontecer quando a empresa ocupar posição dominante –tiver 20% ou mais de um determinado mercado–, de acordo com a proposta, e praticar abuso do poder econômico.
Os monopólios estatais –telecomunicações e petróleo– não serão atingidos pela nova lei, pois continuam protegidos por legislação específica.
A nova lei poderá ser aplicada para combater os abusos que motivaram a abertura dos cerca de mil processos e representações parados há vários anos no Cade e SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça.
O relator do projeto na Câmara dos Deputados, Fábio Feldmann (PSDB-SP), disse ontem que isso acontecerá se as empresas acusadas continuarem praticando os abusos –cartel, aumento injustificado de preços, entre outras– depois da reabertura do processo.
Laboratórios farmacêuticos e fabricantes de cimento encabeçam a relação dos processos em andamento. "Dentro de pouco tempo o Cade terá a mesma importância da Procuradoria Geral da República", afirmou Feldmann.
A mudança do controle acionário das empresas com posição dominante no mercado também terá de ser aprovada pelo Cade. Do contrário, a operação será inválida.
A negociação em torno do projeto começou ontem em reunião entre os ministros Rubens Ricupero (Fazenda), Alexandre Dupeyrat (Justiça), Alexis Stepanenko (Minas e Energia), o relator do projeto e as principais lideranças do governo e partidárias no Congresso.
O líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS), disse que o projeto apresentado como substitutivo de Feldmann é a "última tentativa" para tentar um consenso em torno do projeto, que está há um ano na pauta de votação.
Esse consenso ainda é necessário dentro do próprio governo quanto à forma de encaminhar a matéria. Enquanto o ministro da Justiça quer editar logo uma MP com alguns pontos do projeto, a Fazenda quer votar o projeto.

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