São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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Bolsas brasileiras vão sofrer o efeito "montanha-russa"

Previsão é de porta-voz de investidores estrangeiros

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

As Bolsas de Valores brasileiras vão sofrer o efeito "montanha russa" (altas e baixas bruscas dos preços das ações) até o fim do ano.
A previsão é de Paul Warginer, porta-voz de investidores institucionais dos EUA e Europa que encerrou, ontem viagem de três dias ao Brasil.
Os integrantes do grupo administram carteiras de investimentos nos mercados de ações mundiais no valor total de US$ 300 bilhões.
Esse valor representa cerca de dois terços dos bens produzidos no Brasil em um ano.
"O mercado de ações do Brasil é complexo", disse Warginer, analista de investimentos da Trust Company of the West, dos EUA.
O efeito "montanha russa" tem em sua base o Plano Real, que, disse, "deve funcionar", e o ano eleitoral.
Ele disse que a taxa de juros real (acima da inflação) para conter uma explosão de consumo vai se tornar atraente com a esperada queda da inflação com a chegada do real.
"Isso vai provocar uma queda nas Bolsas com o deslocamento de recursos para o mercado de títulos de renda fixa."
Para ele, outro fator de baixa nos próximos meses é a liderança do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas de intenção de voto.
"Os investidores vêem Lula como um político socialista, capaz de declarar a moratória da dívida externa, renacionalizar as empresas privatizadas e reverter a política de abertura comercial", disse.
Ele afirmou, porém, que a queda da inflação com a chegada do real pode fazer o candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, subir nas pesquisas de intenção de voto.
"Isso pode contrabalançar o `risco Lula' e trazer os recursos dos investidores estrangeiros de volta ao mercado de ações."

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