São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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"Western" traz a tragédia ao século 20

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DE CINEMA

Aos poucos, o faroeste retoma seu lugar. Gênero mais popular do cinema, no tempo em que os gêneros contavam, foi o sustentáculo da indústria norte-americana até o fim dos anos 50. A crise em Hollywood, a Guerra do Vietnã, as mudanças de costumes ao longo dos anos 60, acabaram por torná-lo um produto obsoleto. No vácuo, entrou o "western spaghetti". Nos EUA, sobraram alguns poucos cultores do gênero. Tudo isso era insuficiente para não se constatar sua morte. Nas prateleiras de vídeo, o faroeste ocupa ainda hoje uma posição discreta. O acervo disponível não corresponde, nem de longe, ao número e à importância dos filmes produzidos. Uma situação que começou a mudar desde que "Os Imperdoáveis" ganhou os prêmios Oscar de melhor filme e melhor direção, em 1992. Nos EUA, a produção se reativa. No Brasil, são lançados, quase simultaneamente, quatro títulos de primeira linha. "Por um Punhado de Dólares" é o momento de invenção do faroeste à italiana. "Forte Apache" traz de volta John Ford, o pai de todos. "Pistoleiros do Entardecer" é um momento de brilho de Sam Peckinpah. E "Da Terra Nascem os Homens" leva William Wyler ao Oeste, território que este diretor de prestígio visitava episodicamente. Um pacote que pode abrir os olhos contemporâneos para o filão que melhor expressou, no século 20, a tradição da tragédia.

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