São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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Bennett mostra como conquistou a MTV

DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 20/05/94

O cantor Tony Bennett fará shows no Rio (dia 07/06, no Imperator) e em São Paulo (apenas dia 14, no Olympia). Os locais e datas incorretos foram divulgados pela gravadora do artista.
Quem imaginaria que um cantor de 67 anos, que jamais aceitou cantar rock em toda sua carreira, se tornaria um dos ídolos atuais da MTV americana?
Depois de aparecer ao lado dos Red Hot Chili Peppers, na entrega do MTV Awards 93, o cantor norte-americano Tony Bennett virou "cult" entre a garotada.
O Clímax dessa "descoberta" está registrado na recente gravação do epecial "Unplugged" ("Acústico", no Brasil), que a MTV americana promete exiber dia 1.º de junho.
Em duos com Bennett, participaram os roqueiros Elvis Costelo, k.d.lang e Evan Dando (dos Lemonheads). O CD com a gravação do show sai em 15 de junho.
Feliz por essa façanha inusitada, Bennett falou à Folha, por telefone, dos EUA. O cantor favorito de monstros sagrados como Frank Sinatra e duke Ellington comentou sua nova fase.

Folha - Já tinha passado por sua cabeça que, aos 45 anos de carreira, você acabaria sendo "descoberto" pela MTV?
Tony Bennett - Foi uma completa surpresa, porque a diferença de idade entre os jovens da MTV e eu é enorme. Eles têm me tratado com um entusiasmo que poucas vezes senti em minha vida. É fenomenal ver esses garotos enlouquecerem com a minha música.
Folha - Não é curioso que ele estão mudando de orientação. Já começam a aceitar outros tipos de música. Eu sempre pensei que, se a música é boa, não importa o estilo ou de que país ela venha. A moda está mudando: essa geração mais nova está se interessando por todos os tipos de música.
Folha - Isso deve soar como uma recompensa para você, que no início dos anos 70 preferiu perder contrato com a poderosa Columbia Records a ter que cantar rock...
Bennett - Sim, eu sempre cantei o tipo de música na qual eu acredito. Essa reação é muito gratificante, porque nunca deixei de acreditar que o público gosta do que eu canto.
Uma boa música de um bom músico, como um Tom Jobim ou um João Gilberto, sempre será apreciada.
Folha - Nos seus últimos dois discos, você gravou clássicos da canção americana, ligados aos repertórios de Frank Sinatra e Fred Astaire. É difícil conseguir novas músicas de qualidade?
Bennett - Até que não. Há grandes compositores, como Cy Coleman, Johnny Mandel ou Michel Legrand. O grande problema é que as músicas desses compositores não são tocadas nas rádios.
Folha - E os cantores mais jovens? Harry Connick Jr. é mesmo um herdeiro da melhor tradição vocal norte-americana?
Bennett - Ele é bom. Eu o conheci com apenas 15 anos, em Nova Orleans, e fico feliz por vê-lo fazendo sucesso.
Natalie Cole também é uma ótima cantora entre os jovens. Eles sabem escolher boas canções e atingem uma platéia mais jovem. Acho que o cenário musical está melhorando bastante.
Folha - Como vai sua carreira de pintor?
Bennett - Muito bem. A partir de outubro, pela primeira vez meus quadros vão fica expostos permanentemente em um museu de Ohio. É muito gratificante.
Folha - Você vê alguma similaridade entre cantar e pintar?
Bennett - Em todas as artes, seja a literatura, a pintura, a música, ou mesmo a culinária e o tênis, existem regras. Essa regras têm princípios semelhatnes, como o de equilíbrio, economia ou forma.
O que difere na pintura é a solidão do artista. É só você e a tela. Já na música, você recebe a reação da platéia na hora. Para mim, esse é um equilíbrio muito interessante.
Folha - O que você vai cantar em seus shows no Brasil?
Bennett - Basicamente canções de Sinatra e Fred Astaire, além de um tributo a Duke Ellington. Vou levar o trio de Ralf Sharon, que me acompanha há 30 anos. Sempre me sinto muito bem no Brasil.

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