São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 1994
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João Botelho prossegue luta de Oliveira

LÚCIA NAGIB
DA ENVIADA ESPECIAL A CANNES

João Botelho, conhecido por filmes como "Conversa Acabada" e "Um Adeus Português", fez "Três Palmeiras" como encomenda para o evento "Lisboa 94 - Capital Européia da Cultura".
Trata-se de parte de uma trilogia que descreve Lisboa durante as 24 horas de um dia.
Em entrevista à Folha, Botelho forneceu detalhes do filme e de sua atividade como cineasta.

Folha – Considerando-se o veterano Manoel de Oliveira, o "novo cinema" e agora os novíssimos, como você se encaixa dentro do panorama do cinema português?
João Botelho – Não me encaixo. Comecei dez anos depois do novo cinema e da geração dos anos 60. Depois de mim apareceram cineastas interessantes, como Pedro Costa.
Sou de um período pós-25 de abril e portanto um bocado solitário no meio de duas gerações.
Folha – Como se mantém a independência criativa do cinema português?
Botelho – O mercado português é pequenino. Nosso cinema depende, não do mercado, mas da Secretaria da Cultura. Portanto há uma liberdade imensa, podemos arriscar.
São seis ou sete filmes por ano, mas todos muito bons, não há dinheiro, mas há uma liberdade que não tem preço.
Manoel de Oliveira nos abriu as portas todas, é um dinossauro resistente e tem uma atitude moral maravilhosa.
Está cada vez mais novo e mais maluco. E tem uma atitude de resistência que nos ensinou muito.
Convivendo com ele, aprendi isto: só filmar o que se quer.

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