São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 1994
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Soprano não é nova Callas

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A arte lírica existe como mercado desde o fim do século 18. Dentro dela, a mais constante obsessão consiste em identificar os mais brilhantes dos sopranos.
A tarefa é difícil. Uma das "leis" dessa permanente busca está no fato de, a cada geração, não surgirem mais de duas ou três vozes com a mesma singularidade de timbre.
São cantoras que geralmente fazem a unanimidade. Kathleen Battle é uma delas.
Sua visibilidade está ligada à capacidade do Metropolitan Opera House de catapultar suas divas no comércio fonográfico mundial.
Mas, no caso dessa incrível soprano lírica, há também, e sobretudo, uma rápida maturação técnica, uma maneira instintiva de captar o raro e descartar o usual.
As sopranos líricas têm como "vestibular" obrigatório a interpretação dos ciclos de lieder de Fraz Schubert.
Battle é aprovada com menção honrosa. Ouçam, para conferir, a perfeição com que ela entoa e respira em dois deles, "Ariette der Claudine" e "Suleika".
Ela também possui uma delicadeza de dicção e capta as ambiguidades dramáticas nas óperas de Wolfgang Amadeus Mozart.
Tem invejável presença cênica, o que é fundamental para atrair a atenção da crítica.
Kathleen Battle não é "a nova Callas", essa fantasia tão invariável quanto compreensível.
A cantora caminha para um tabuleiro paralelo ao do soprano greco-americano.
E caminha com muita competência, inclusive pelos microescândalos que fazem as delícias dos cronistas mundanos.

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