São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Programa favorece aliança com Brizola

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O caráter nacionalista do programa doutrinário do PMDB, aprovado ontem na Convenção Nacional do partido, favorece a aliança entre Orestes Quércia e Leonel Brizola, candidato do PDT à Presidência.
"O programa facilita a aliança porque há muitas coincidências programáticas entre PMDB e PDT. Os dois são os que mais se aproximam atualmente", afirmou o presidente do PMDB, deputado Luis Henrique (SC).
Orestes Quércia será proclamado hoje candidato do PMDB à Presidência da República, pela convenção do partido, que está sendo realizada em Brasília.
Ele venceu a prévia eleitoral realizada pelo PMDB. Iris Rezende, mulher do governador de Goiás, Íris Rezende (eles têm o mesmo nome), será indicada hoje candidata a vice de Quércia.
Ontem, o dia foi dedicado à aprovação do novo programa do partido. As discussões foram iniciadas às 11h, em um plenário vazio (apenas 60 dos 799 lugares ocupados).
O programa reforça o nacionalismo no capítulo dos Princípios Básicos e na defesa dos monopólios do petróleo, telecomunicações, exploração do subsolo e setor nuclear.
A empresa brasileira de capital nacional também fica protegida, embora não haja restrições à entrada do capital estrangeiro "que venha se associar ao projeto nacional de desenvolvimento".
Juros
Era esperada a polêmica em torno da questão dos juros reais. O deputado Valter Pereira (MS), vice-presidente da comissão de redação, defendia a inclusão no programa do limite de 12% de taxa de juros ao ano.
Essa limitação, embora não seja cumprida, está prevista na Constituição. Um dos coordenadores do programa de governo de Quércia, Wadico Bucchi (ex-presidente do Banco Central), era contra incluir o dispositivo no programa doutrinário do partido, por considerar que isso "engessaria" a política econômica.
`Meio termo'
Outros pontos que aproximam o programa do PMDB com o PDT de Brizola são a ênfase à distribuição de renda, reforma agrária, geração de emprego e crescimento salarial.
A orientação dada por Quércia à comissão que elaborou o programa foi de que buscassem um "meio termo" entre as posições neo-liberal (do PSDB) e corporativa (do PT).
Nesse sentido, incluíram no programa a idéia do "Estado necessário". Segundo o ex-ministro Paulo Lustosa, "nem um Estado minimalista, defendido pelo neo-liberalismo, e nem maximalista, como defende o PT".

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