São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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OS QUE SÃO CONTRA

DE OSCAR NIEMEYER, 86, ARQUITETO

"Toda a obra da Faria Lima é uma violação à Lei Orgânica do município. O artigo 10º da lei declara que o Legislativo e o Executivo tomarão iniciativa de propor a convocação de plebiscitos antes de proceder à discussão e aprovação de obras de valor elevado ou que tenham significativo impacto ambientel. A obra da Faria Lima reúne condições de aplicação do artigo 10º. É uma obra de custo elevado e provoca impacto ambiental na medida que modifica as condições de vida da região. O Legislativo e o Executivo são responsáveis pela violação frontal da Lei Orgânica. A obra não é prioridade social. Prioridade é educação e saúde".

"Sou contra por uma razão preliminar: fazer uma obra sem ter plano diretor da cidade é um absurdo. Um empreendimento desta magnitude, e com impacto tão grande, deveria ter mais discussão. Deveria sr mais democrático. A obra induz um tipo de urbanização que eu acho questionável, além de induzir também o uso do carro."

"Uma das grandes prioridades esquecidas da administração Maluf é a área social. Os problemas de habitação popular, saúde e educação são grandes. Priorizar essa obra com todas as demandas que precisam ser cumpridas dentro de um orçamento apertado, é muito polêmico. Nesse momento sou contra".

"Existem áreas que estão sendo desapropriadas sem necessidade. Isso chama-se desapropriação por zona. É inconstitucional. Não tem interesse social. O poder público está fazendo isso para absorver a valorização imobiliária da área. Sou contrário por considerar inconstitucional a desapropriapão por zona. À primeira vista, a obra não é prioritária porque ela limita-se a um trecho específico da cidade. A Faria Lima beneficiará um número muito pequeno de pessoas. A solução para os problemas de transporte de São Paulo é o metrô. O alcance da obra é imobiliário".

"Sou contra. O Prolongamento tem que se visto nas circunstâncias do projeto de lei em tramitação na Câmara Municipal. Tenho dúvidas quanto a validade da operação toda, que nada mais é do que um reloteamento de terrenos. É um projeto imobiliário para a cidade. Isso não é prioridade para São Paulo. Fica claro que é uma aventura imobiliária. Tenho a impressão que querem fazer uma enorme avenida Luiz Carlos Berrini ao redor dos Jardins."

"Em matéria de políticas públicas deve haver escalas de prioridade. O projeto Faria Lima é interessante e até justificável, mas não creio que seja impreterível neste momento. Existem outras prioridades como transporte coletivo, moradia, saúde e escolas. Entendo que fazer deste projeto carro-chefe da administração municipal é não dar, até simbolicamente, a hierarquia dos problemas da cidade de São Paulo".

OS QUE SÃO A FAVOR

"A cidade de São Paulo cresce desordenadamente e prevê-se um caos no seu trânsito até o final deste século. Diante dessa previsão, não posso deixar de ser fvorável à abertura de vias que espremam São Paulo. A cidade cresceu neste último decênio para o sul. Portanto, não se compreende uma avenida como a Faria Lima iniciar num largo e terminar em outro, com ruas estreitas. Sabemos que seu prolongamento vai dar acesso à nova via que é a Luiz Carlos Berrini. O urbanista não pode pensar no presente. Ele tem que pensar grande e no futuro. Ninguém será prejudicado quanto à indenização. O conforto comum vale mais que o de cada cidadão. É uma obra prioritária".

"Sou favorável ao projeto pois não devemos perder esta oportunidade de renovação urbana de toda essa região. Nunca estivemos tão próximos de realizar uma obra de tal envergadura, que outras administrações pretenderam realizar, mas não tiveram condições ou coragem para fazê-lo. As duas regiões afetadas, Vila Olímpia e Pinheiros, encontram-se abandonadas há 25 anos, desde a aprovação da lei de 68. A prefeitura deve induzir e incentivar a iniciativa privada em áreas onde aconteçam reurbanizações –onde evidentemente haja interesse para o capital privado".

"Na suposição de que as desapropriações sejam justa e pontualmente pagas, sou de opinião que o prologamento é uma obra necessária, que já de há muito deveria ter sido realizada".

"Faz 10 anos que queremos que sejam feitas operações urbanas. A prefeitura não tem como arrumar dinheiro para tudo que precisa. A Faria Lima, com o potencial imobiliário que tem, reúne condições de ser o estopim do processo de operações urbanas de São Paulo. Por tudo isso sou francamente favorável à obra, que vão melhorar a região. Hoje o trânsito lá é uma calamidade. É preciso ser feita uma intervenção viária e os desapropriados receber o valor justo. É uma obra importante dentro das muitas prioridades de São Paulo".

"Sou favorável ao pronlogamento. Abrindo a Faria Lima, ela vai dar vazão ao fluxo do trânsito. Como observador acho necessário o prolongamento. O tráfego está sempre engarrafado. Se é prioriário, é outra coisa. Mas que é necessário, é".

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