São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Maluf diz que acabar obras é sua prioridade

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, 62, em visita a Londres, disse à Folha anteontem que está "cumprindo a lei" ao fazer as obras de extensão da avenida Faria Lima. Ele "agradece ao PT" a publicidade que o partido deu à obra ao protestar contra ela.

Folha - São Paulo tem carências graves em áreas vitais como saúde e transportes. Por que a prioridade para a Faria Lima?
Paulo Maluf - Uma das coisas na vida que mais me entristece é que o Brasil é um país de obras inacabadas. A Faria Lima é uma delas. A lei que determina o término da obra é de 1968 e até hoje não foi aplicada.
Folha - E as outras prioridades?
Maluf - Esta pergunta vale para tudo. Se amanhã eu construir uma biblioteca, você pode me dizer: "sr. Paulo, existem outras prioridades".
Esta obra é autofinanciada pois quem vai pagar sua construção, pelo projeto de lei que está na Câmara Municipal, são aqueles que serão beneficiados por ela.
Folha - Mas a prefeitura vai desembolsar dinheiro, não?
Maluf - O desembolso existe no começo. Pode haver um desencontro financeiro no começo, mas a obra é autofinanciada a médio prazo.
Folha - Então o retorno do dinheiro vai depender do sucesso da obra?
Maluf - A Faria Lima é uma obra bem-sucedida. Na vizinhança (da avenida), os terrenos custariam sem a Faria Lima US$ 300 o metro quadrado. E a Faria Lima tem terrenos hoje a US$ 7.000 o metro quadrado.
Folha - Não faltam verbas em outras áreas?
Maluf - Não. Nós não tivemos em um ano e meio da administração uma só greve na área de educação e de saúde pública.
Folha - Como é que o sr. vê os movimentos de moradores contra a obra?
Maluf - Eu vejo de uma maneira democrática. Todos têm direito de protestar. Agora, quem está no traçado da obra tem que protestar não contra a extensão, aprovada em 1968, mas se eventualmente não for pago o valor real.
E todos aqueles que estão sendo desapropriados estão muito felizes porque estão sendo pagos por um valor que hoje, na recessão, não obteriam por suas casas.
Folha - A extensão da Faria Lima é irreversível?
Maluf - Eu cumprirei a lei que foi aprovada em 1968. Não tem nada irreversível na vida. Agora, a vontade do PT de querer fazer bagunça na cidade é muito menor que a vontade de se fazer as coisas direito. Por isso eu quero agradecer ao PT pela divulgação da obra.

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