São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Plantonista dorme no PS

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Plantonita dorme no PS
A reportagem da Folha esteve no pronto-socorro do Juquery no sábado, dia 14.
Todos os 30 leitos estavam ocupados. Seis pacientes eram atendidos em macas no corredor. Naquele dia, segundo a secretaria de saúde, 343 pessoas passaram pelo pronto-socorro.
Nenhum professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí foi visto pela reportagem. Oito médicos estavam de plantão –menos da metade do quadro ideal.
O atendimento era feito por 12 estudantes e por médicos residentes.
Às 16h, um residente amputava um dedo do pé de um paciente com gangrena.
Havia apenas um médico-cirurgião de plantão –quando deveriam ser três. Estava dormindo.
Os estudantes reclamam. "A gente paga para trabalhar e não aprende nada", afirma "Z", do 6.º ano, que pede para não ser identificado.
Z teme ser punido pela escola e pelo hospital. Ele paga 266 URVs (CR$ 434 mil) de mensalidade.
A vida de alunos como Z não é fácil. Eles têm que comparecer no Juquery de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Em um dia da semana, Z faz plantão à noite. Fica mais de 36 horas ininterruptas no pronto-socorro. Uma vez por mês, dá plantão no fim-de-semana.
Z protesta contara a falta de professores no hospital.
"Nós estamos sempre sozinhos. Quem paga por isso é o doente e o estudante, que sai da faculdade sem saber abrir uma barriga", diz.
(DC)

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