São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Ilusão monetária ?

DEMIAN FIOCCA

Ilusão monetária?
O governo vem afirmando que, após a introdução da nova moeda, pretende manter as taxas de juros altas para evitar que os pequenos e médios poupadores saquem seus recursos.
As pessoas estariam iludidas com o rendimento das aplicações e não entenderiam que, digamos, 48% de rendimento, contra uma inflação de 45%, significa em verdade somente 3% de juros. Por isso, se a inflação caísse para 5%, não bastaria um rendimento de 8%, seria necessário pagar mais.
É provável, de fato, que muitas pessoas se deixem mesmo impressionar pelas variações nominais. Mas há outros motivos, além da possível "ilusão monetária", para que, sob inflação, mantenham-se mais recursos aplicados.
Os índices de inflação são uma média. Há preços que sobem mais e outros que sobem menos. E o salário daqueles com menores recursos muito frequentemente está entre os preços que sobem menos.
Para essas pessoas, portanto, acompanhar a correção monetária é um ganho, pois ela dá um rendimento na média, contra um salário que muitas vezes fica abaixo dela. Quando a inflação se reduz, cai com ela parte das perdas salariais e a diferença entre a média dos preços (dada pela correção monetária) e os salários fica menor.

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